Novo relatório do IPCC acende alerta vermelho para humanidade
O novo relatório do IPCC transmite uma mensagem muito clara ao mundo: as mudanças climáticas são reais, estão sendo observadas em todo planeta e é inegável a influência das atividades humanas. Se nada for feito imediatamente, as consequências serão piores!
As mudanças climáticas são reais e é indiscutível a influência das atividades humanas no aquecimento do planeta, por meio das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, as mudanças recentes no clima são generalizadas, rápidas e intensificadas, de forma sem precedentes em pelo menos 6500 anos!
Essas são algumas das mensagens transmitidas no novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), lançado nessa segunda-feira (09). O relatório reúne as principais conclusões do Grupo de Trabalho 1 que compõe o Sexto Relatório de Avaliação (AR6) do IPCC, grupo responsável por sintetizar todo o conhecimento científico físico do clima e das mudanças climáticas.
Mais de 230 autores vindos de 66 países - 7 deles pesquisadores brasileiros - resumiram de forma textual e gráfica todo o conhecimento científico sobre as mudanças climáticas disponível até o momento. Cerca de 14 mil trabalhos científicos publicados foram compilados nesse relatório, ou seja, é uma grande enciclopédia que reúne tudo que a ciência sabe até então sobre as mudanças climáticas!
De acordo com o relatório, como consequência das emissões antropogênicas, o planeta se aqueceu em média 1,1°C desde o período pré-industrial (1850 – 1900). Os cientistas ainda inferiram que, na verdade, os gases de efeito estufa contribuíram com 1,6°C de aquecimento, porém os aerossóis contribuíram com um resfriamento de 0,5°C! Portanto, um terço do aquecimento gerado pelas emissões de gases de efeito estufa está sendo mascarado pelos aerossóis!
As mudanças do clima também estão alterando os padrões de precipitação. Globalmente, foi registrado um aumento da chuva sobre os continentes desde 1950, porém esse aumento não é generalizado, com algumas regiões apresentando o comportamento oposto. Além disso, as projeções dos modelos climáticos indicam que, sob um clima mais quente, é provável que a precipitação aumente nas latitudes mais altas, enquanto que nas regiões subtropicais ela diminua.
Os cientistas também alertaram, mais uma vez, que muitos extremos climáticos como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais tornaram-se mais frequentes e severos em todo o mundo desde 1950 e irão se agravar nas próximas décadas, de forma proporcional ao aquecimento da temperatura média do planeta.
Pela primeira vez, o AR6 fornece uma avaliação regional mais detalhada dos impactos observados das mudanças climáticas e os impactos projetados em diferentes cenários de aumento da temperatura global. Essas informações regionais podem ser exploradas em detalhes no recém desenvolvido Atlas Interativo. O Atlas permitirá que os tomadores de decisões e a população em geral se informe melhor a respeito dos impactos em sua região e se preparar da melhor forma para as mudanças futuras.
Ainda há solução?
As mudanças climáticas já estão sendo observadas em todas as regiões do planeta, incluindo os oceanos, e muitas dessas mudanças não tem precedentes em milhares ou até mesmo centenas de milhares de anos. Infelizmente, algumas dessas mudanças são irreversíveis, como o aumento do nível do mar e o derretimento de gelo nos polos.
Entretanto, os cientistas deixam claro que algumas dessas mudanças podem ser desaceleradas ou até mesmo interrompidas se as emissões forem drasticamente reduzidas. Essa redução deve ser rápida, imediata e sustentada, visando a emissão zero de carbono até 2050 e uma grande redução nas emissões de outros gases de efeito estufa, como o metano. Além de limitar o aquecimento das temperaturas e reduzir as consequências das mudanças do clima, isso também melhoraria a poluição nas cidades.