O futuro do tratamento do câncer estaria nas… bactérias?
Pesquisa inovadora revela resultados promissores ao projetar bactérias que atuariam como “detectores” de DNA liberado por células cancerígenas no trato gastrointestinal.
É provavelmente uma das doenças mais temidas e que afeta mais pessoas em todo o mundo. O câncer pode se desenvolver na maioria das células do corpo humano e aparecer em qualquer idade.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) o colocam como a principal causa de morte, liderando a lista os cânceres de mama, pulmão, cólon, reto e próstata.
O mundo da medicina e da ciência não descansa, apresentando de tempos em tempos novos resultados de pesquisas que buscam, de uma vez por todas, obter formas eficientes de diagnosticá-la precocemente e, se possível, desenvolver uma “cura definitiva” para esta terrível doença.
Uma pesquisa recente publicada na revista Science mostrou que, ao utilizar bactérias geneticamente modificadas, conseguiram detectar material genético tumoral no intestino de ratos, “acusando” as células doentes para assim serem destruídas pelo sistema imunológico.
Bactérias denunciadoras: qual é o sinal de alerta?
Primeiro é preciso saber o nome do protagonista: Acinetobacter baylyi. Esse microrganismo não causa doenças em humanos e sua “graça” é ser uma bactéria capaz de “roubar” DNA de outras células e integrá-lo à sua própria – processo conhecido como transferência horizontal de genes.
Os cientistas aproveitaram essa característica para criar, por meio de técnicas de engenharia genética, um tipo de bactéria capaz de detectar um sinal específico em células cancerígenas do intestino de camundongos.
O nome da técnica coincide com a palavra “pegar” em inglês ('catch'), e é justamente isso que a bactéria modificada faz. Ao interagir com a célula cancerosa, dispara os alarmes para que o sistema imunológico entre em ação.
Uma inovação que promete
Conforme explicado no estudo, o desenvolvimento destas bactérias “detectoras de câncer” representaria uma grande vantagem em relação a outros métodos tradicionais com os quais a medicina atual diagnostica e até trata este tipo de câncer.
“As bactérias tornam-se resistentes a um medicamento específico quando retiram o DNA que contém a mutação associada ao câncer, mas o mesmo não acontece com as bactérias não modificadas”, explicam os autores.
Isso significa que as bactérias modificadas poderiam ser “carregadas” com medicamentos que afetariam apenas as células nocivas, sem serem, por sua vez, destruídas pelo sistema imunológico que atacaria apenas o tecido tumoral.
Embora os resultados deem muita esperança, é bom ter em mente que no momento o estudo foi realizado apenas com ratos. Será necessário aguardar o que a ciência tem a dizer ao replicar esta pesquisa em humanos.