O Oceano Atlântico está aumentando ou a diminuindo?
Desde a separação da Pangeia que o oceano Atlântico continua crescendo, devido ao rift médio atlântico. Contudo, estudos recentes mostram que esta tendência poderá inverter-se dentro de alguns milhões de anos. Saiba mais aqui!
A deriva das placas tectônicas já contribuiu para diversas mudanças ao longo da escala de tempo geológico, em que há cerca de 200 milhões de anos, o único continente existente, conhecido por “Pangeia”, se começou a desprender, dando origem, pouco a pouco, ao mundo que conhecemos hoje.
Ora, essas mudanças ocorreram devidas a uma série de atividades que acontecem nas regiões de divisa das placas que podem ser convergentes, divergentes ou transformantes.
Placas convergentes e consequências
Quando duas placas são convergentes, sejam elas oceânicas ou terrestres, podem acontecer dois processos.
- Subducção: colisão entre uma placa mais densa com uma mais leve, em que a mais densa afunda, podendo originar grandes cadeias montanhosas, como no caso da Cordilheira dos Andes, na América do Sul, onde a placa oceânica afunda perante a placa continental.
- Obducção: este processo acontece devido à colisão entre duas placas de mesma densidade, que acabam por empilhando-se e dando origem a grandes cadeias montanhosas, como por exemplo, os Himalaias, que resultam do embate da placa da Índia com a Euro-asiática.
Placas divergentes e transformantes
Aquando um processo de convergência de placas, o material que se “perde” na subducção ganha-se nas placas divergentes. Como? Como foi referido acima, existe um rift no meio do oceano Atlântico que contribui para o crescimento do mesmo.
A divergência de placas explica, pois os rifts são zonas de fratura onde ocorre a ascensão do magma que, ao solidificar, contribuirá para o fundo oceânico (crosta oceânica). Ou seja, à medida que a nova crosta é formada, as placas, movendo-se lentamente em sentidos opostos, transportam-na e afastam-na do rift, dando origem ao tal aumento. Quanto às fronteiras transformantes, as placas apenas deslizam não havendo destruição nem construção de crosta.
O crescimento do oceano Atlântico
Como já foi supracitado, o oceano Atlântico cresce desde a separação da Pangeia, devido aos processos acima explicados. Contudo, e para além do rift médio atlântico, existem também duas regiões de subducção. Uma nas Antilhas das Caraíbas e outra no Arco da Escócia, perto da Antártica.
Estudos recentes mostram a possibilidade de haver uma nova região de subducção no Atlântico, dentro de poucos milhões de anos. Esta zona de subducção terá contribuído para o fecho do que é agora o mar Mediterrâneo e poderá estar migrando pelo estreito de Gibraltar até ao oceano.
Será que o oceano poderá mesmo fechar?
Da mesma forma que muitos cientistas acreditam que essa zona de subducção do Mediterrâneo deixou de estar ativa, pois abrandou de forma significativa nos últimos milhões anos, outras regiões podem abrandar enquanto outras ganham velocidade.
Alguns estudos sugerem que o arco de Gibraltar se propagará mais para o Atlântico após este período de quiescência. Os modelos também mostram de que forma uma região de subducção que começa em um oceano fechado (atual Mediterrâneo) pode migrar para um novo oceano aberto (Atlântico) através de um corredor oceânico estreito.
A invasão de zonas de subducção é provavelmente um mecanismo comum de iniciação deste processo em oceanos do tipo Atlântico e um processo fundamental na evolução geológica recente da Terra, tal como refere o ciclo de Wilson.
Alguns especialistas acreditam que, à semelhança do oceano Pacífico, o Atlântico poderá começar a formar, também, um anel de fogo, à medida que vai fechando.
Terra, um planeta em constante evolução
Resumidamente, atualmente o oceano Atlântico continua a crescer alguns centímetros por ano. Agora resta saber se o ciclo de Wilson se concretiza e esse começará a fechar-se, eventualmente.
Contudo, feliz ou infelizmente, não estaremos aqui para saber como irá suceder. O importante é sabermos que o planeta Terra está em constante evolução e que se houve um grande processo geológico para chegarmos ao formato de hoje, que contribui para a vida na Terra, provavelmente, esse processo não ficará por aqui e deverá servir para muitas mudanças no futuro.
Referência da notícia:
Wilson R., Houseman G., Buiter S., et al. Fifty years of the Wilson Cycle concept in plate tectonics: an overview. Research Gate (2019).
Duarte J., Riel N., Rosas F., et al. Gibraltar subduction zone is invading the Atlantic. Geology (2024).
Duarte J., Schellart W., Rosas F. The future of Earth's oceans: consequences of subduction initiation in the Atlantic and implications for supercontinent formation. Cambridge Core (2016).