O que faz com que uma era glacial termine?
Uma pesquisa da Universidade de Melbourne revelou que as eras glaciais dos últimos milhões de anos terminaram quando o ângulo de inclinação do eixo da Terra se aproximava de valores altos fazendo o Hemisfério Norte receber mais energia solar.
Ao longo de milhares de anos, a quantidade de energia solar que atinge a Terra teve grandes variações, principalmente nas latitudes próximas do Polo Norte. Verões mais longos e mais fortes derreteram as grandes camadas de gelo do Hemisfério Norte, levando o clima da Terra a um estado "interglacial" quente, como o que estamos experimentamos nos últimos 11.000 anos. Os cientistas ainda estão trabalhando para entender o que causa as eras glaciais. Um fator importante é a quantidade de luz que a Terra recebe do Sol que pode variar principalmente devido a três fatores:
- Inclinação da Terra em relação ao Sol.
- Oscilação da Terra ao girar em seu eixo .
- A forma da órbita da Terra ao redor do Sol (seja mais parecida com um círculo ou mais com uma elipse ou oval).
Quando menos luz solar atinge as latitudes do norte, as temperaturas caem e mais água congela, iniciando uma era glacial. Quando mais luz solar atinge as latitudes do norte, as temperaturas aumentam, as camadas de gelo derretem e a idade do gelo termina. Porém, existem muitos outros fatores.
Os pesquisadores ainda estão tentando entender com que frequência esses períodos acontecem e em quanto tempo podemos esperar outro período de glaciação. Desde meados do século XIX, os cientistas suspeitam que mudanças na geometria da órbita da Terra são responsáveis pela chegada e partida das eras glaciais - a incerteza sobre a propriedade orbital é mais importante.
Um artigo publicado na Science aproxima-se da resolução de alguns dos mistérios de porque e quando as eras glaciais terminam. A equipe combinou dados de estalagmites italianos com informações de sedimentos oceânicos perfurados na costa de Portugal. De acordo com os autores, pode-se identificar nas camadas de crescimento de estalagmites as mesmas mudanças que estavam sendo registradas nos sedimentos oceânicos. Isso permitiu aplicar as informações de idade da estalagmite ao registro de sedimentos oceânicos, que não podem ser datadas para esse período.
Usando as mais recentes técnicas de datação radiométrica, a equipe internacional determinou a idade de duas terminações que ocorreram cerca de 960.000 e 875.000 anos atrás. As eras sugerem que o início de ambas as terminações é mais consistente com o aumento do ângulo de inclinação da Terra. Esses aumentos produzem verões mais quentes nas regiões onde estão localizadas as camadas de gelo do Hemisfério Norte, causando derretimento.
Ambas as terminações progrediram até o momento em que a energia solar durante o verão do Hemisfério Norte sobre as camadas de gelo se aproximava dos valores máximos. Uma comparação dessas descobertas com dados publicados anteriormente de terminações mais jovens mostra que esse padrão tem sido uma característica recorrente dos últimos milhões de anos. A equipe planeja estudar mais a fundo a Transição do Pleistoceno Médio, quando a duração média dos ciclos da era do gelo repentinamente dobrou de comprimento.