O que são e como se formam as ondas de calor?
Nos últimos dias os termômetros bateram 40ºC no Rio Grande do Sul, configurando um evento de onda de calor. Mas o que é uma onda de calor? Como podemos definir um evento de onda de calor e como ele se forma?
Verão no Brasil é sinônimo de muito calor, com temperaturas facilmente batendo os 30°C durante o dia e noites quentes. Porém, existem períodos que parecem que os termômetros superam todos os limites e o calor passa a ser mais forte que o normal, chegando a ser intolerável até mesmo para aqueles habituados ao calor, estes são eventos que costumamos chamar de ondas de calor.
O caso mais recente foi o ocorrido na semana passada no estado do Rio Grande do Sul - que também atingiu países vizinhos, como a Argentina, Uruguai e Paraguai - quando por diversos dias seguidos os termômetros chegaram a marca de 40°C durante a tarde em diversas cidades gaúchas, e ficavam em torno dos 25°C durante a noite!
Mas o calor não ficou restrito somente ao Rio Grande do Sul, outras regiões do Brasil também registraram temperaturas altas na última semana, com algumas cidades chegando a temperaturas próximas de 35°C. Então por que só falamos de onda de calor sobre o Rio Grande do Sul, e não sobre todo o Brasil? Para entender, vamos consultar a definição e características de uma onda de calor!
O que é uma onda de calor?
Onda de calor é a definição dada para um período em que as temperaturas ficam bem acima do normal esperado - a chamada normal climatológica, calculada a partir da média de um período de 30 anos - para determinada área e época do ano. As ondas de calor podem variar em relação a duração e intensidade. Porém, para ser classificada como onda de calor, as altas temperaturas devem durar pelo menos dois dias!
As ondas de calor podem ocorrer em qualquer época do ano e em qualquer parte do mundo. Ou seja, podemos registrar ondas de calor tanto no verão quanto no inverno. Além disso, essas ondas de calor diferem muito dependendo do local onde ocorrem: vários dias consecutivos de temperaturas de 30°C numa região tropical pode ser algo normal, mas pode ser algo muito extremo numa região de clima mais ameno em latitudes médias, por exemplo, caracterizando uma onda de calor nesta região.
Outra característica que pode tornar uma onda de calor diferente da outra é a umidade! As ondas de calor podem ocorrer com altos ou baixos valores de umidade, ou seja, podemos ter períodos excessivamente quentes e úmidos ou quentes e secos. Essas diferentes combinações podem alterar a intensidade e efeitos das ondas de calor, já que a umidade implica na nossa sensação térmica e também pode gerar diferentes efeitos no meio ambiente.
Assim, podemos entender porque chamamos de onda de calor esses dias de temperaturas extremas no Rio Grande do Sul, pois foram vários dias de temperaturas muito acima do normal esperado, enquanto que para o restante do Brasil as temperaturas, por mais altas que tenham sido, ainda estão dentro de um intervalo considerado normal para essa época do ano.
O que causa uma onda de calor?
Geralmente as ondas de calor são causadas devido a persistência de fortes sistemas de alta pressão, que podem estar associados a ocorrência dos chamados bloqueios atmosféricos. Num sistema de alta pressão, o movimento de subsidência do ar, levando o ar dos níveis altos aos mais baixos da atmosfera, faz com que o ar seja comprimido o que causa um aumento de sua temperatura. Isso faz com que o ar quente fique aprisionado na superfície, formando uma espécie de cúpula ou doma de calor.
Os movimentos subsidentes também inibem a formação de nebulosidade e chuvas, impedindo algum tipo de refresco nas temperaturas e, muito pelo contrário, aumentando-as ainda mais ao deixar a radiação solar aquecer ainda mais a superfície. Esses fortes sistemas de alta pressão, que podem durar dias a semanas, também inibem a passagem de frentes frias, que poderiam propiciar uma diminuição das temperaturas e aumento da nebulosidade.
Uma onda de calor termina quando há uma quebra do padrão sinótico associado a manutenção da alta pressão, ou seja, quando há uma mudança no padrão meteorológico. Isso pode acontecer com a mudança de fase de algum padrão de teleconexão, como a Oscilação Antártica, ou com a formação de um ciclone ou uma poderosa frente fria, que seria forte o suficiente para romper o padrão de bloqueio.