O que são massas de ar?
Nos próximos dias, a primeira massa de ar frio significativo da temporada outono-inverno chegará ao Brasil. O país é influenciado anualmente por cinco tipos diferentes de massas de ar. Mas o que seria uma massa de ar e como ela se forma?
As massas de ar são consideradas um dos elementos climáticos e definidas como grandes porções horizontais de ar de centenas ou milhares de km². Elas apresentam temperatura e umidade quase homogêneas, adquiridas na região fonte em que se formam (Petterssen, 1941).
Para uma massa de ar se formar, é necessário o atendimento de dois requisitos:
- Uma vasta área de superfície homogênea sem variações de topografia ou intercalações entre corpos d’água e terra;
- Ar estagnado sobre essa região de superfície homogênea por um período suficiente para adquirir as características da superfície.
Considerando uma extensa área de superfície homogênea (oceanos e áreas continentais uniformes), uma massa de ar é formada nesta região na presença de um sistema de alta pressão. Do ponto de vista atmosférico, altas pressões contribuem na formação das massas de ar por cumprir com o requisito da estagnação do ar, uma vez que no centro desses sistemas há calmaria.
A classificação das massas de ar é baseada na latitude e na natureza da superfície da região fonte (oceano ou continente). Enquanto a latitude faz referência a temperatura de uma massa de ar, a natureza da superfície indica o conteúdo de umidade. A partir dessas considerações, a classificação das massas é dada por:
Características térmicas:
- Quente (Equatorial – E e Tropical – T)
- Fria (Polar – P, Ártica ou Antártica – A)
Caraterísticas de umidade:
- Baixa umidade (Continental – c)
- Alta umidade (marítima – m)
Em geral, a sigla de uma massa de ar é composta por duas letras. A primeira deve indicar a característica térmica (latitude) e a segunda a natureza da superfície (teor de umidade). Essas características permitem várias combinações, tais como: mEc (massa equatorial continental), mEm (massa equatorial marítima), mTc (massa tropical continental), mTm (massa tropical marítima), mPc (massa polar continental), mPm (massa polar marítima), mAc (massa Ártica ou Antártica continental).
Com relação a região fonte das massas de ar, o centro das altas pressões subtropicais sobre os oceanos são exemplos de regiões fontes da mTm, por exemplo.
O aquecimento diferencial da Terra (calor no trópico e frio nos polos) é dramático nas latitudes médias. Para reduzir o contraste de temperatura nesta zona térmica do planeta, o sistema atmosférico excita distúrbios que visam misturar as massas de ar frio e quente. Neste contexto de movimentação das massas de ar, surgem as frentes meteorológicas.
Os meteorologistas conseguem diagnosticar a atuação das massas de ar através das imagens de satélite e dos dados meteorológicos das estações de superfície. Zonas de fortes contrastes de temperatura e umidade (descontinuidade dos dados) indicam a fronteira de massas de ar com características distintas, onde de localizam os sistemas fontais.
No entanto, é possível também identificar e prognosticar o deslocamento das massas de ar nas previsões numéricas do tempo. No twitter acima, a massa de ar frio que atingirá o Brasil nos próximos dias é facilmente identificada através do vento e da temperatura do ar em 850 hPa (1,5 km de altura).
É importante mencionar que as massas de ar perdem suas características iniciais quando se deslocam por extensos trajetos sobre a superfície da Terra. Uma massa de ar Antártica continental, por exemplo, é fria e seca. Mas quando se move sobre a superfície oceânica de latitudes menores, adquire calor e umidade e deixa de ser fria e seca.