O que significa quando um beija-flor se aproxima de você, de acordo com as diferentes culturas?

Esses pássaros coloridos e delicados, além de serem muito bonitos e chamarem a nossa atenção por serem os menores do mundo e pelo seu voo peculiar, guardam vários mistérios. Os beija-flores são protagonistas de muitas lendas e histórias com muita mística e encanto. Segundo diversas crenças ao longo da história, a presença do beija-flor tem diversos significados para a humanidade que iremos descobrir.

Em uma notícia recente para Meteored, contamos a você as características marcantes do voo distinto do beija-flor e a importância vital deste pequeno pássaro para os ecossistemas de todo o mundo.

Esse equilíbrio entre delicadeza e potência em seu voo gera no ser humano um fascínio incrível pelos beija-flores. Além disso, para diferentes civilizações, o beija-flor é um ser vivo muito especial, com histórias e lendas cativantes sobre essas aves hipnóticas de poder e cores vivas. Para alguns são seres que nos conectam com o divino e com almas que não existem mais, para outros também atrairão boa sorte e presságios.

Em diversas culturas considera-se que quando um beija-flor se aproxima ou olha para uma pessoa é porque ela precisa se curar e liberar as energias negativas que possui. Portanto, sua presença lembra sonhos e a perseverança para realizá-los.

Cultura maia: a lenda do beija-flor de Jade

A cultura maia foi uma civilização mesoamericana que se desenvolveu principalmente na Guatemala e no México (nos estados de Yucatán, Campeche, Quintana Roo, Chiapas e Tabasco), bem como em Belize, e na parte ocidental de Honduras e El Salvador.

Diz a lenda que os deuses, após criarem todas as coisas encontradas na Terra (pedras, árvores e animais), atribuem a cada um deles um trabalho ou missão. Porém, ao terminarem de criar o universo, perceberam que haviam esquecido algo essencial: um ser que tinha a função de transportar seus desejos e pensamentos de um lugar para outro, um mensageiro.

Os deuses perceberam que não tinham mais milho ou argila, materiais com os quais criaram todos os outros seres. Foi então que encontraram um pedaço de jade (uma espécie de rocha ornamental) e esculpiram-no no formato de uma pequena flecha. Então eles explodiram e algo voou a toda velocidade. O pequeno pedaço de jade ganhou vida e se tornou um beija-flor (oxts'unu'um na língua maia).

Desde então, esta ave tornou-se um ser altamente respeitado, um ser de poder para os maias. Reza a lenda que a delicadeza desta ave permitiu-lhe aproximar-se das flores sem mover uma única pétala, e que todas as cores do arco-íris brilhavam na sua plumagem.

Para os maias, cada vez que um desses pássaros aparece é porque um ente querido que morreu está pensando naquela pessoa. Se puder ser observado assim que uma pessoa morre, significa que ela está bem e em paz.

Além de serem mensageiros dos deuses, os beija-flores também se tornaram portadores dos pensamentos e desejos humanos. Incluindo mensagens dos mortos. Os homens então tentaram capturar o pássaro e enfeitar-se com suas penas. Mas os deuses ficaram furiosos e proibiram, dizendo-lhes que qualquer homem que capturasse um beija-flor seria punido. É por isso que os beija-flores nunca foram aves cativas do homem.

Desde então, diz-se que a proximidade de um beija-flor dá sorte. Mas não só isso, sua presença também indica que alguém lhe desejou o melhor e que o pássaro levará seus pensamentos e desejos, por mais leves que sejam, de um lugar para outro.

O beija-flor na cultura Inca

Para esta civilização pré-hispânica, os beija-flores não eram apenas mensageiros dos deuses, mas também carregavam os bons votos e pensamentos de outros homens. Se alguém lhe desejasse boa sorte, o beija-flor pegava esse desejo e levava até você.

Cultura Guarani e o beija-flor

A lenda guarani afirma que é o guia dos santos falecidos. Segundo os guaranis, o beija-flor é o responsável por elevar ao céu as almas que pousam em uma flor. Afirmam que quando um ente querido sai do plano terrestre, sua alma se desprende do corpo e repousa sobre uma flor, onde é purificada, perfumada e conectada com a terra.

Lá ele espera por um beija-flor, que se encarrega de dirigir rumo ao paraíso. Mas de vez em quando o guia dos santos falecidos faz uma parada para que as almas possam ver novamente os seus entes queridos.

O beija-flor na Bíblia

No Gênesis, primeiro livro da Bíblia, relata que no quinto dia Deus cria os animais que povoam as águas e o ar, enquanto no sexto dia, antes do homem, os animais habitam a terra seca. Entre eles o beija-flor, que é considerado o mensageiro do céu que nos chama a seguir em frente e deixar o passado para trás.

Cultura asteca: o “Mito de Huitzilopochtli e dos beija-flores”

Os astecas foram um povo que, através de alianças militares com outros grupos e populações, expandiu-se rapidamente e dominou a zona central e sul do atual México entre os séculos XIV e XVI. Para esta cultura, os beija-flores foram bravos guerreiros em vida, devido ao seu pequeno tamanho, mas enorme força e energia para voar. Foi assim que se tornou o símbolo de Huitzilopochtli, deus da guerra, da devoção solar e padroeiro dos mexicas, também chamado de 'Beija-flor Canhoto'.

O 'Beija-flor', que em Nahuatl é 'huitzilin' ou 'huitzitzilin', literalmente: espinho turquesa ou espinho precioso, era uma das aves mais sagradas dos antigos mexicanos, pois representava o deus Huitzilopochtli, que o usava no cocar. . sempre ligado a uma flor que representava o coração.

Por isso, a representação do pássaro na vida se deve ao apelo por pessoas que devem ser fortes diante das adversidades e confiar nas capacidades pessoais. Dizem que os guerreiros astecas usavam amuletos com a figura de um beija-flor para atrair energia e força.

Curiosidades sobre os beija-flores

Em um dia, consome seu próprio peso em néctar. O coração deste pequeno animal em estado de repouso bate entre 500 e 700 vezes por minuto, enquanto em estado ativo pode bater 1.200 vezes por minuto.

Ao gastar tanta energia, eles devem consumir entre quatro e cinco vezes o seu peso corporal. Suas flores favoritas são as tubulares vermelhas ou amarelas.

O voo deles é único e dizem que ‘se assemelha aos deuses’ porque fazem 200 batidas de asas por segundo. E podem voar para trás ou permanecer suspensos em um local, e atingir velocidades de 70 km/h e até 130 km/h durante a época reprodutiva.

Devido à sua grande velocidade, para os aborígenes americanos, o beija-flor é o mensageiro e guardião do tempo, pois não há outro animal que supere a velocidade com que bate as asas.