Os insetos seriam capazes de detectar câncer? Os testes começaram!
As células cancerígenas apresentam compostos orgânicos voláteis específicos que podem ser detectados tanto na urina quanto na respiração. Um estudo recente afirma que as formigas irão auxiliar os cientistas na detecção do câncer humano, devido a alta sensibilidade do seu sistema olfativo. Saiba mais sobre esse “treinamento”.
Desde 2017 o autor, Baptiste Piqueret, atua nessa área e conseguiu treinar formigas (fusca, sedosa ou escura) cultivadas em laboratório para diferenciar células cancerígenas das saudáveis. Até o presente momento, Piqueret e sua equipe já deram um passo à frente nas pesquisas, uma vez que as formigas já detectaram tumores humanos em ratos.
A técnica utilizada pelos cientistas é chamada xenoenxerto e consiste em transplantar o câncer de mama humano para os ratos, permitindo que a doença se desenvolva. Em seguida, os pesquisadores coletaram amostras de urina dos camundongos transplantados, assim como dos saudáveis. No treinamento, os cientistas colocaram alimento como “recompensa” às formigas ao lado da urina dos ratos com câncer.
À medida que as formigas encontraram esse alimento, elas associaram o cheiro das células cancerígenas e aprenderam a reconhecê-la. Além disso, as formigas permaneceram mais tempo em torno da amostra de urina cancerígena, como se ainda estivessem aguardando a “recompensa”, mesmo depois que os cientistas removeram os alimentos.
Para se ter a certeza de que as formigas seriam capazes de detectar câncer em humanos, a pesquisa teria que ser reproduzida com urina humana, porém isso seria um pouco mais complicado do que testar urina de camundongos, pois incluiria variáveis como sexo, idade, tipo de alimentação e até mesmo odores específicos que todo ser humano possui.
Isso porque os humanos não exalam os mesmos odores, eles diferem de pessoa para pessoa; e ainda não foi identificado se as formigas se concentram apenas nas células cancerígenas. Por essa razão, novos esforços estão sendo feitos em prol dessa pesquisa, já que as formigas podem ser detectores extremamente eficazes e de baixo custo, além de não demandarem muito tempo para serem treinadas.
Outra vantagem das formigas consiste no fato de elas viverem em colônia e, provavelmente, compartilharem informações entre si. De acordo com Piqueret, se apenas 10% das formigas de uma determinada colônia forem devidamente treinadas na detecção de câncer humano, elas, por sua vez, podem espalhar o conhecimento para as demais.
Quais outros animais também podem auxiliar nessa detecção?
Debajit Saha e sua equipe, da Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos, estão explorando o cérebro de gafanhotos para ajudar na detecção de células cancerígenas. Os gafanhotos também conseguem cheirar a diferença entre células saudáveis e cancerígenas.
Porém, ao invés de treiná-los, a equipe dos Estados Unidos pretende explorar seus cérebros e usar o conhecimento da neurociência para tentar criar um molde a partir dos sinais neurais. A ideia é fazer com que essa análise origine um dispositivo que utiliza neurônios sensoriais de insetos para detectar o câncer por meio apenas da respiração de um paciente.
Além dos insetos, estudos mostram que os cachorros também são capazes de detectar diferentes tipos de câncer na urina e no sangue humano. A Medical Detection Dogs, uma instituição beneficente do Reino Unido, está desenvolvendo um “nariz eletrônico” com o intuito de farejar o câncer de próstata.
Em 2004 a instituição treinou seis cães de diferentes raças e descobriu que a precisão do diagnóstico de câncer de bexiga é três vezes superior ao esperado, chegando a 90% dos casos. Além do câncer de bexiga, os cães também são capazes de farejar o câncer de ovário a partir de amostras de sangue das pacientes, com uma precisão de 99%.
Em todas as pesquisas o grande desafio consiste nas nuances do odor humano! Portanto, novas pesquisas são úteis na complementação de estudos de detecção de câncer, contribuindo para a construção de uma visão mais ampla.