Os lugares do mundo que possuem os ventos mais intensos
Existem vários locais no mundo que podemos qualificar como os mais ventosos. Os ventos catabáticos que sopram na Antártica assolam alguns setores costeiros com extrema violência. Também destacam-se os ventos da Terra do Fogo e os que sopram no Monte Washington, nos EUA.
Em qualquer lugar da Terra pode soprar, em algum momento, um vento forte e até se formar um furacão, mas há lugares em que essa circunstância é bem comum. Como a intensidade do vento aumenta com a altitude, na lógica, os lugares mais ventosos do planeta não se localizam no nível da superfície terrestre, mas na parte superior da troposfera – onde estão localizadas as correntes de jato – e na estratosfera. Contudo, iremos falar aqui de alguns lugares na Terra que estão ao nível do solo e são castigados impiedosamente pela ação de ventos fortes.
A circulação geral da atmosfera, a distribuição das áreas continentais e oceânicas e as particularidades orográficas (relevo) ajudam a entender por que em certos lugares o vento sopra incansavelmente. A Antártica é, de longe, a região mais ventosa (tempestuosa) de toda a Terra e vamos dedicar a ela parte deste artigo, mas, primeiro, vamos falar de outra região não muito longe dela: a Terra do Fogo.
A Terra do Fogo
Esta região, localizada ao sul do Estreito de Magalhães, forma o extremo sul da América do Sul. É um arquipélago predominantemente chileno, exceto a metade oriental da Ilha Grande, que pertence à Argentina. A Terra do Fogo está localizada entre 52ºS e 56ºS, em uma faixa latitudinal dominada por ventos de oeste intensos (westerlies), a qual foi batizada por navegadores como “os 50 furiosos ou uivadores” (Furious Fifties/Howling Fifties).
Se olharmos para um mapa global, veremos como a Terra do Fogo é a única área continental neste cinturão terrestre. Ao longo de milhares de quilômetros, estes ventos fluem rapidamente sobre a superfície do mar, sem nenhum obstáculo, acelerando com muita eficácia e impactando totalmente a região, o que a torna uma das mais ventosas da Terra e de maior potencial eólico.
A Antártica
Se formos mais ao sul e atravessarmos o paralelo de 60ºS, entraremos nos domínios da região Antártica. Lá, os ventos gelados são gerados no interior do grande platô de gelo e se intensificam à medida que avançam paras as regiões costeiras, onde chegam como ventos de furacão, geradores de rajadas intensas e tempestades. Estes ventos catabáticos superam os 200 km/h, às vezes atingindo 300 km/h com picos máximos um pouco mais elevados. Na base chilena Capitán Arturo Prat, localizada na península Antártica, foi registrada uma rajada de 380 km/h em agosto de 2017, gerada por uma forte tempestade.
O ar frio que é gerado permanentemente sobre o planalto Antártico flui naturalmente em direção às costas – radialmente –, desviando-se para sul devido ao efeito de Coriolis e acelerando nas encostas. Nesta parte final do seu trajeto, é onde os ventos catabáticos atingem sua maior intensidade. Eles arrastam parte da neve acumulada sobre a superfície congelada e também contribuem para a sua sublimação (mudança do estado sólido para o estado gasoso, sem passar pelo estado líquido). Nas bases localizadas nestas áreas de ventos muito fortes, as condições são muito extremas, dificultando a realização das atividades de cientistas e técnicos.
O Monte Washington
Este artigo estaria incompleto se não falássemos do Observatório de Mount Washington, localizado em New Hampshire, no extremo nordeste dos Estados Unidos. No dia 12 de abril de 1934 (o observatório inciou suas atividades apenas em 1932) foi registrada uma rajada de vento extraordinária, de 372 km/h, que durante 66 anos foi a maior medida na superfície da Terra por um anemômetro. Em janeiro de 2010, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) certificou-se que esse valor foi superado por uma rajada de 408 km/h registrada na Ilha Barrow (Austrália), durante a passagem do ciclone tropical Olivia. Este é o recorde absoluto de rajada de vento atualmente.
A rajada de vento de 1934 não justifica por si só o rótulo de “um dos lugares mais ventosos do mundo” atribuído ao Observatório do Monte Washington. Sua localização (no topo da montanha), o caráter solitário e a orientação da Cordilheira onde ele está localizado (perpendicular aos ventos frios e intensos de norte/noroeste que frequentemente varrem a região de tempestades) fazem com que este lugar apresente muitos dias ao ano de ventos intensos. As imagens da torre do observatório e dos instrumentos cobertos por gelo, deram-lhe merecida fama mundial.