Paratethys, o fascinante maior lago de todos os tempos

O Mar de Paratethys foi o maior lago na história da Terra, existindo há mais de 10 milhões de anos. Foi o lar de uma grande variedade de criaturas pré-históricas, mas, o que aconteceu com ele então?!

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Em seu auge, o Mar de Paratethys estendia-se até o oeste dos Alpes austríacos.

No final do Mioceno, o continente eurasiano parecia muito diferente de como é hoje, com uma porção significante composta pelo maior lago da história da Terra, que existiu entre 5 e 11 milhões de anos atrás. Conhecido como Mar de Paratethys, este ‘megalago’ cobriu 2,8 milhões de km2uma área maior que o Mar Mediterrâneo.

Por anos, a ascensão e queda desse vasto corpo d'água eram mal compreendidas mas, agora, os cientistas mapearam suas mudanças ao longo do tempo. Ao fazer isto, eles identificaram quatro eventos cataclísmicos causados pelo clima, na história do lago, que mataram muitas das espécies que viviam nele, influenciando em seu destino final.

Um estudo, publicado na Revista Scientific Reports, usou pistas de registros geológicos e fósseis para estimar que, em seu maior tamanho, o Paratethys continha 1,77 milhões de km3 de água – mais de 10 vezes o volume de água encontrado em todos os atuais lagos da Terra combinados.

Catástrofe ecológica

Em um mapa moderno, o lago teria se estendido dos Alpes orientais até o Cazaquistão. No entanto, o clima mudou muito entre 7 e 8 milhões de anos atrás, com a diminuição das chuvas resultando na redução do tamanho do Paratethys. Esta regressão envolveu uma queda nos níveis de água de quase 250 m, equivalente a até um terço do volume do lago.

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O Mar de Paratethys em sua extensão, mostrado sobreposto à geografia moderna. Imagem: Utecht University

À medida que se contraiu, a água na bacia central do lago tornou-se cada vez mais salgada, tanto que, muitas das espécies aquáticas que ali residiam - incluindo moluscos e algas unicelulares - foram completamente extintas.

"Deve ter sido um mundo pré-histórico pós-apocalíptico, uma versão aquática das terras devastadas de Mad Max," disse Wout Krijgsman, um dos autores do estudo e geólogo da Utrecht University, na Holanda.

Este evento climático é conhecido como a Grande Secagem Khersoniana (Great Khersonian Drying), um período na Eurásia em que os níveis de precipitação diminuíram drasticamente. Isso foi causado por um cinturão climático seco, que se estabeleceu ao norte das montanhas dos Cárpatos e se deslocou lentamente para o sul.

O Paratethys estava destinado à extinção, desaparecendo há cerca de 7 milhões de anos.

No entanto, nem toda a vida no lago foi extinta e, como o clima acabou ficando mais úmido, o Paratethys se expandiu e logo passou a abrigar espécies não encontradas em nenhum outro lugar do planeta.

Isto inclui uma das menores espécies de baleia do mundo – conhecida como Cetotherium riabinini. Esta baleia anã cresceu apenas 3 metros de comprimento e era, provavelmente, uma filtradora de alimentos. Outros mamíferos marinhos anões também foram identificados no Paratethys, incluindo golfinhos e focas. Pensa-se que essas espécies cresceram muito pouco como uma adaptação às águas cada vez mais escassas do lago.

Assim como esses animais, o Paratethys estava destinado à extinção. Mudanças geológicas há cerca de 7 milhões de anos resultaram na formação de uma grande saída na borda sudoeste do lago, que resultou na drenagem do Paratethys no Mar Mediterrâneo.