Pareidolia: o fenômeno psicológico que nos permite ver formas nas nuvens

O cérebro humano é realmente incrível, graças ao fenômeno psicológico da 'pareidolia' podemos ver formas familiares nas nuvens como: animais, silhuetas humanas, rostos, objetos, etc. Contamos a você como esse mecanismo de adaptação do nosso cérebro é ativado.

Pareidolia: o fenômeno psicológico que nos permite ver formas nas nuvens
Pareidolia: o fenômeno psicológico que nos permite ver formas nas nuvens.

A pareidolia é um fenômeno neuropsicológico que, diante de estímulos ocasionais e ambíguos, como manchas, nuvens ou objetos inanimados, a pessoa tem a capacidade de reconhecer neles padrões significativos. Por exemplo, os humanos podem ver animais, figuras humanas e rostos em nuvens, bem como perfis em rochas e rostos em objetos inanimados.

Se durante as suas férias um dos seus passatempos ao ar livre é procurar formas nas nuvens, não se preocupe, não há razão para se preocupar. Os seres humanos veem formas familiares onde não há nenhuma. Ou seja, você sabe que é simplesmente uma nuvem, mas seu cérebro é capaz de organizar padrões de luz e sombra e, com todas as informações visuais que recebe, descreve outra imagem.

Pareidolia: o fenômeno psicológico que nos permite ver formas nas nuvens
Diante de estímulos ocasionais e ambíguos (como nuvens), o cérebro de algumas pessoas tem a capacidade de reconhecer neles padrões significativos, por exemplo animais, como nesta foto.

Ser capaz de ver essas coisas inanimadas é um sinal de que nossas conexões cerebrais estão funcionando corretamente e, como explica o professor Kang Lee, da Universidade de Toronto: “O cérebro é conectado exclusivamente para reconhecer rostos, portanto, mesmo quando há apenas uma leve sugestão de características faciais, interpreta-as automaticamente como um rosto.

O 'giro fusiforme'

Durante a pareidolia, as conexões cerebrais são ativadas, responsáveis pelo processamento visual. Esses circuitos relacionados a figuras são processados de maneira diferente do restante dos dados, essa estrutura é chamada de: 'giração fusiforme'. Em questão de centésimos de segundo, ela nos faz ver essas imagens onde elas existem, mas também onde elas não existem, e é ativada quando vemos algo que vagamente se lembra delas.

A neurociência conseguiu explicar como nosso cérebro realiza esse reconhecimento. O culpado é um giro cerebral chamado 'giro fusiforme', que nos permite reconhecer rostos e ter uma predisposição para o reconhecimento facial, mesmo em locais onde eles não existem.

O cérebro humano é projetado para organizar informações adaptativas ao ambiente. É um órgão de sobrevivência e adaptação, portanto ver figuras, adaptá-las e dar-lhes forma é uma função cerebral de organização visual adaptativa.

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'Cloud Dog' de perfil olhando para a direita. Créditos: a quem interessar.

Resultados de pesquisas recentes realizadas no Universidade de Harvard, tentam explicar que essa capacidade de reconhecimento facial evolui ao longo da vida. Segundo os dados, entre os 30 e 34 anos o ser humano atinge o seu grau máximo deste mecanismo de reconhecimento, depois começa a declinar pouco a pouco, aos 65 temos uma capacidade semelhante à que usávamos aos 16.

Tipos de reações à pareidolia

O famoso Teste de Rorschach, no qual uma pessoa visa atribuir significado a estímulos ambíguos, com um total de 10 imagens de manchas de tinta desestruturadas sem sentido. É um método psicodiagnóstico destinado a avaliar a personalidade e detectar possíveis anomalias ou problemas psicológicos.

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A reação à pareidolia depende de cada pessoa, de suas crenças, sensibilidade e estado emocional. 'Coração Nuvem'. Créditos: a quem interessar.

Por exemplo, diante de um céu com nuvens bem definidas, as pessoas podem reagir de diversas formas de acordo com o significado que atribuem ao que veem, a partir do reconhecimento de rostos e emoções humanas, assim como a interpretação do comportamento dos animais.

A reação à pareidolia depende de cada pessoa, de suas crenças, sensibilidade e do estado emocional que está passando naquele momento. Portanto, não é de se estranhar se, olhando para o céu, você vir um dinossauro de pescoço comprido (saurópode), e na mesma nuvem a pessoa ao seu lado vir uma girafa, ou simplesmente uma nuvem esticada.

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'Howling Wolf Cloud' (à esquerda) e 'Dragon Cloud' (à direita).

Especialistas dizem que as crenças tornam as pessoas mais propensas a dar sentido a estímulos sem sentido, por exemplo, a aparição do rosto de Jesus ou a figura da Virgem Maria em um vidro, em um tronco de madeira ou a mancha de uma parede, e isso se deve ao fato de que os processos cognitivos perceptivos e de memória são algo universal em nossa espécie, algo fundamental e característico de nosso cérebro.

Quando a pareidolia pode ser um problema?

A maioria das pessoas procura formas nas nuvens (ou outros lugares como árvores, rochas, montanhas, etc.) como um jogo divertido, recreativo e de imaginação para crianças e adultos. Mas, em alguns casos e em pessoas altamente sugestionáveis, esse fenômeno é uma falha na percepção do ambiente.

Um exemplo que os especialistas em neuropsicologia costumam dar é o caso de um motorista de carro que bateu em uma árvore porque na estrada 'viu um homem alto, vestido de branco, brilhante e que atirou um raio'. Após realizar uma reconstituição dos acontecimentos, identificou-se que o que essa pessoa viu foi a luz passando por entre as árvores, o que deixou um efeito especial de brilho na via.

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'Nuvem de golfinhos'.

Essa pessoa foi diagnosticada com uma má percepção do ambiente, ou seja, uma pareidolia. Esse tipo de pessoa suscetível deve passar por tratamento psicológico, no qual são realizados trabalhos de acompanhamento e educação perceptiva.

Segundo especialistas, pode haver pessoas propensas a ver imagens em todos os lugares, o que significa que são 'cérebros mais sensíveis'.

Em alguns casos extremos, a pareidolia pode ser muito mais pronunciada. Em pessoas paranoicas ou com tendência à esquizofrenia, o estado mental deve ser avaliado em cada caso.

Pareidolia: o fenômeno psicológico que nos permite ver formas nas nuvens
O 'giro fusiforme' nos permite reconhecer rostos e ter uma predisposição para o reconhecimento facial, mesmo em locais onde eles não existem, como nesta nuvem de 'perfil humano'.

Existe outro distúrbio neurológico chamado 'prosopagnosia', que impede o sujeito de reconhecer os traços comuns dos rostos. Um exemplo desse distúrbio psicopatológico é o caso de um homem que chegou a confundir a esposa com um chapéu.

Pesquisas mais recentes sobre demências, como o Alzheimer, em que o paciente não consegue identificar pessoas conhecidas, mostraram que isso se deve à atrofia do já mencionado giro fusiforme direito.