Pecuária: fazendas brasileiras capturam mais carbono do que emitem, revela pesquisa

Uma pesquisa feita com fazendas de gado no Brasil e no Uruguai revelou que elas removem mais carbono do que emitem, contribuindo para a mitigação do aquecimento global.

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A pecuária brasileira captura mais carbono do que emite, contribuindo para a mitigação do aquecimento global. Crédito: Divulgação.

Uma pesquisa recente conduzida pela empresa de consultoria empresarial SIA - Serviço de Inteligência em Agronegócios aqui no Brasil e no Uruguai revelou que fazendas estão removendo mais carbono da atmosfera do que emitindo, comprovando que práticas agrícolas sustentáveis são essenciais na luta contra o aquecimento global.

Saiba aqui mais detalhes dessa pesquisa.

Como foi feita a pesquisa

O estudo envolveu 33 fazendas e cerca de 19 mil hectares, sendo realizado em quatro estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso e também no Uruguai.

Segundo Gustavo Heisler, gerente de negócios e sustentabilidade da SIA, os dados foram obtidos a partir de uma calculadora desenvolvida para calcular o balanço de carbono com base em metodologias internacionais, mas adaptadas para a condição brasileira.

O balanço total de carbono das fazendas apresentou um saldo negativo de 17.250 toneladas por ano, indicando que essas propriedades estão capturando mais carbono do que emitindo.

Foram analisadas detalhadamente as atividades em cada fazenda, as práticas de manejo do solo, a produtividade, o consumo de combustíveis e energia, entre outros fatores.

As análises revelaram que as propriedades rurais nessas regiões capturaram, em média, 0,92 toneladas de dióxido de carbono (CO₂) equivalente por hectare por ano (o equivalente ao potencial de captura de mais de 2.400 árvores), totalizando 17.250 toneladas de carbono removidas da atmosfera anualmente.

Prática inovadora e sustentável

A prática de remoção de carbono, considerada inovadora e sustentável, utiliza sistemas como a integração lavoura-pecuária (ILP) e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), além do plantio direto, o que contribui significativamente para a redução das emissões e para uma maior remoção do carbono, resultando em alta produtividade e benefícios ambientais.

Além disso, essas fazendas já veem oportunidades na comercialização de créditos de carbono, ampliando o impacto econômico dessa prática.

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O gás carbônico (CO2) é um dos principais gases de efeito estufa, que contribui para o aquecimento global do planeta, e é emitido principalmente pela queima de combustíveis fósseis para atividades humanas. Crédito: Divulgação.

O segredo para esses resultados observados está na adoção de boas práticas, como a rotação de pastagens, adubação eficiente, controle do desmatamento e o uso de tecnologias modernas. Além disso, a gestão adequada do rebanho e das pastagens também se mostraram importantes na redução do carbono.

“O uso racional de combustíveis fósseis e a adoção de sistemas produtivos mais sustentáveis são estratégias essenciais para otimizar a produtividade e reduzir as emissões”, comentou Heisler.

Heisler também destacou a importância da divulgação desses resultados para o mundo, desmistificando a ideia de que a agricultura e a pecuária são apenas vilãs no cenário ambiental atual.

O estudo ainda está em sua fase inicial, mas já mostra que o Brasil tem muito a oferecer em termos de soluções climáticas. E o SIA pretende ampliar o número de fazendas monitoradas, incluindo outras em diferentes regiões do país.

Referência da notícia:

CompreRural. “Pecuária captura mais carbono do que emite, diz pesquisa realizada no Brasil e Uruguai”. 2024.