Perda de carbono da degradação florestal supera a do desmatamento
Você já deve saber que o balanço de carbono de uma floresta é afetado pelo uso da terra, exploração madeireira, degradação, regeneração de florestas secundárias e também pelo clima e neste estudo na Nature você vai se surpreender com os resultados.
O nosso país, Brasil, contém 6 biomas: a Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e a grande Amazônia, maior floresta tropical do planeta, com um ecossistema único que abriga uma biodiversidade enorme com muitos animais, plantas e microrganismos.
A floresta desempenha um papel fundamental no ciclo da água e do carbono. Com o CO2, que é um dos gases de efeito estufa, capturado da atmosfera pelas plantas da grande floresta, a quantidade desse gás presente no ar atmosférico é reduzida drasticamente.
A degradação das nossas florestas através da exploração madeireira e incêndios, feitos para que uma nova cultura floresça, levam à redução dos estoques de carbono, assim como o desmatamento.
O conceito para degradação florestal é a perda parcial de biomassa florestal. Uma área degradada não possui a mesma estrutura florestal, resiliência e funções de uma floresta intacta, diz estudo chamado “Degradação Florestal na Amazônia”.
Já o desmatamento é um processo de conversão da floresta para outros usos da terra como pastagens, áreas de cultivos agrícolas, mineração e também a urbanização. Nesse cenário há remoção total, ou quase total, da cobertura vegetal. Como se vê a degradação florestal tem uma relação muito próxima com o desmatamento.
Sabendo disso, repare que interessante um estudo, divulgado na revista Nature, de cientistas norte-americanos. O trabalho intitulado em ”A perda de carbono da degradação florestal excede a do desmatamento na Amazônia brasileira”, revelou que entre 2010 e 2019 a degradação florestal liberou mais carbono na Amazônia que o desmatamento.
Os pesquisadores usaram conjuntos de dados de incêndio ativo, áreas queimadas, dados de precipitação anual e evapotranspiração durante 2010 a 2019, fizeram análises estatísticas e espaço temporal usando resolução espacial de 500 metros em grades de 25 em 25 km. Além de usarem dados de concentração atmosférica de CO2 durante 2015 a 2018 para a realização dessa pesquisa.
A degradação florestal e o desmatamento não são processos independentes. O desmatamento leva à degradação florestal e áreas degradadas são mais propensas a serem desmatadas.
Os pesquisadores investigaram a dinâmica espacial-temporal da biomassa acima do solo (AGB) e as áreas florestais baseadas em satélite e afirmaram que em 2019 houve maior perda da área florestal comparada com 2015.
Entretanto, não foi o que liberou mais carbono. Em 2015 a liberação de carbono foi três vezes maior devido à maior degradação da floresta com a perda de biomassa, causada por fatores ambientais intensos, tal como as secas e as tempestades, era ano de El Niño.
Agora sabemos que a degradação florestal impulsiona maior perda de carbono e deve se tornar prioridade para a nossa gestão pública. Descuidar das nossas florestas não apenas traz prejuízos econômicos ao Brasil, mas desgaste internacional para a imagem do país.
Saudações Meteorológicas!