Pesquisa revela que cerca de 80 milhões de tubarões são mortos por ano!
O comércio da carne de tubarão ainda é muito comum ao redor do planeta, e pode está associado ao aumento da mortalidade de espécies ameaçadas de extinção!
Os tubarões persistem como poderosos predadores oceânicos há mais de 400 milhões de anos. Eles sobreviveram a 5 extinções em massa, diversificando-se em uma incrível variedade de formas e estilos de vida. Mas agora, os tubarões estão entre os grupos de espécies mais ameaçadas do mundo devido à exploração em pescarias mal regulamentadas, além da proliferação de práticas de remoção de barbatanas.
Em comparação com há 10 anos, menos tubarões morreram porque as pessoas cortaram as suas barbatanas e atiraram-nas de volta ao mar, uma prática conhecida como finning que é proibida em cerca de 70% dos países e territórios marinhos. Porém, as regulamentações que reduziram a frequência da remoção de barbatanas não salvaram vidas de tubarões, relatou uma equipe de pesquisa na publicação feita na revista Science.
Os pesquisadores buscaram compreender as tendências da mortalidade de tubarões em 150 países pesqueiros e em alto mar. Examinaram as capturas de tubarões entre 2012 e 2019, com o intuito de conferir se as medidas de conservação reduziram as perdas de espécies.
O estudo revelou que, embora tenha havido um aumento de 10 vezes nas regulamentações sobre pesca e remoção de barbatanas de tubarões, a mortalidade permaneceu mais ou menos a mesma. Estima-se que 76 milhões de tubarões foram mortos em 2012 devido à pesca, e pelo menos 80 milhões morreram em 2018.
Mais de 30% desta captura foi de espécies atualmente ameaçadas de extinção. Considerando também os tubarões não devidamente identificados por espécie, a estimativa da mortalidade global aumentou para 101 milhões de tubarões em 2019.
A carne de tubarão, mesmo de espécies ameaçadas de extinção, é cada vez mais encontrada numa variedade de produtos alimentares, e não apenas na ainda popular sopa de barbatana de turbarão. Além disso, a cartilagem de tubarão e o óleo de fígado são ingredientes comuns nas indústrias médica e cosmética. Muitos não sabem, mas muitos produtos de beleza contêm esqualeno, que normalmente, mas não necessariamente, deriva de tubarões. Ou seja, é bom procurar produtos que utilizem alternativas à base de plantas.
Pesca costeira é responsável por 95% da mortalidade dos tubarões!
A equipe também analisou a relação entre as capturas de tubarões e os regulamentos de pesca por país, concluindo que as proibições da pesca de tubarões e a regimento de regras eram as únicas medidas associadas à redução de mortalidade. Sem maiores esforços para proteger a espécie, pelo menos uma em cada três espécies enfrentará a ameaça de extinção e muitas outras sofrerão declínios populacionais.
Embora os investigadores tenham descoberto que as proibições de remoção das barbatanas provavelmente reduziram a remoção das barbatanas dos tubarões no mar, estes regulamentos tiveram pouco efeito na mortalidade geral. Na verdade, podem até ter aumentado as capturas, possivelmente incentivando a utilização de tubarões e criando mercados adicionais para a carne de tubarão e outros produtos.
O aumento veio principalmente da pesca costeira de tubarões. Estas atividades são responsáveis por 95% da mortalidade total por pesca de tubarões a nível mundial em termos do número de tubarões capturados e mortos. A mortalidade de tubarões nestas pescarias aumentou de forma constante em 4% entre 2012 e 2019. Isto contrastou com a pesca regulamentada em mar aberto, especialmente no Atlântico e no Pacífico ocidental, onde a mortalidade de tubarões diminuiu cerca de 7%.
Isto porque a carne desta espécie é um substituto relativamente barato para outros tipos de peixe, fazendo com que alguns consumidores comam carne de tubarão sem o seu conhecimento. A recomendação é combinar proteções geográficas com regulamentações de pesca para melhorar as perspectivas para os tubarões.
Referência da notícia
Boris Worm et al. Global shark fishing mortality still rising despite widespread regulatory change. Science, v. 383, p. 225-230, 2024.