Pesquisadores descobrem que havia grafite nos muros do Egito antigo
Durante o mapeamento tridimensional de um antigo templo egípcio, pesquisadores encontraram centenas de inscrições sutis nas paredes - trata-se de grafite feito a milhares de anos atrás.
Tudo começou com um projeto cujo objetivo principal era mapear digitalmente as paredes do Mammisi, em Pilae. Trata-se de um pequeno templo egípcio que era utilizado para realização de partos, com um ambulatório e outros prédios auxiliares ao redor.
No entanto, o projeto acabou se tornando algo diferente quando pesquisadores começaram a captar inscrições que pareciam feitas por pessoas comuns nas paredes. São como grafites, manifestações populares feitas pelos antigos egípcios nas paredes da cidade.
Conforme os pesquisadores da Simon Fraser University (SFU) aprendiam mais sobre o grafite antigo, percebiam que havia grandes semelhanças com o grafite atual. A arquitetura icônica do antigo Egito foi arquitetada por pessoas em posições de poder e riqueza, mas o grafite registrou as vozes de todos os demais.
O edifício funcionou como um bloco de notas para pessoas de diferentes culturas por mais de 2000 anos. Há centenas ou talvez milhares de grafites espalhados pelas paredes do local, alguns esculpidos com menos de um milímetro de profundidade nas colunas, nas paredes e também no teto do templo.
A equipe conta atualmente com especialistas em captura de realidade espacial, como o pesquisador Nick Hedley, que documentou os grafites, seu contexto arquitetônico e os espaços em que foram encontrados.
Como a pesquisa descobriu grafites tão sutis nas ruínas egípcias?
Antigamente, projetos desse tipo seriam compostos por fotografias comuns, em duas dimensões. Desta vez, a equipe usou métodos avançados como fotogrametria, raking light e varreduras a laser com o objetivo de fazer um registro completo do templo em três dimensões.
Ao criar um registro tridimensional detalhado, o projeto permite com que o interior e o exterior do templo sejam vistos e estudados de pontos de vista impossíveis de se ver de outra maneira - tudo isso sem comprometer de nenhuma maneira o local histórico.
Essa visualização tridimensional também permitirá aos pesquisadores compreender melhor cada grafite - estudando sua relação com outros grafites que o cercam e também sua localização na estrutura arquitetônica do templo. Isso vai nos ensinar muito sobre a vida dos egípcios antigos.
Métodos emergentes de captura espacial podem mudar fundamentalmente a forma como coletamos e interpretamos dados. Em particular, o mapeamento que está sendo explorando pela equipe, muito provavelmente, mudará completamente o campo da arqueologia nos próximos anos.