Planta pioneira se adapta à radiação e pode colonizar Marte, segundo recente estudo

Em um estudo recente, os pesquisadores divulgaram uma espécie de musgo do deserto que é o pioneiro promissor para colonizar ambientes extraterrestres, como Marte. Veja mais informações.

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A planta Syntrichia caninervis, candidata promissora a pioneira na colonização de ambientes extraterrestres como Marte. Crédito: Li et al. (2024).

Dentro da exploração espacial, um assunto sério que é muito estudado e onde vários projetos são desenvolvidos, é a colonização de Marte. Essa colonização se refere à proposta de instalação de assentamentos humanos permanentes no planeta vermelho.

Segundo pesquisas, depois da Terra, Marte é o planeta com maiores condições de habitabilidade do Sistema Solar.

E esses projetos focam na adaptação dos seres humanos nesse local de condições extremas. No entanto, esses assentamentos também exigirão plantas que possam crescer em solos e condições adversas como as encontradas em Marte.

Dessa forma, pesquisadores chineses descobriram uma planta pioneira que pode ser a chave para colonizar Marte. A pesquisa foi divulgada recentemente em um artigo na revista The Innovation. Veja abaixo.

A planta que pode colonizar Marte

Tal planta é um musgo do deserto, o Syntrichia caninervis (S. caninervis), que mostrou uma extraordinária resiliência para prosperar em vários ambientes extremos, e suportando as condições de Marte.

E essas condições incluem não apenas o calor e secas, mas também os níveis altíssimos de radiação e o frio extremo; a planta mostrou que consegue suportar temperaturas muito baixas de até -196 °C.

A planta também mostrou uma super resistência à radiação gama. Inclusive, com a radiação, sob doses de 500 Gy (Gray), o musgo apresentou uma melhor taxa de crescimento. Segundo o estudo, o S. caninervis é um dos organismos com maior tolerância à radiação.

Os pesquisadores observaram que o S. caninervis tem notável tolerância à dessecação. Mesmo depois de perder mais de 98% de seu teor de água das células, ele pode recuperar atividades fotossintéticas e fisiológicas em segundos após a reidratação.

Nosso estudo mostra que a resiliência ambiental do S. caninervis supera outros microrganismos e tardígrados extremamente tolerantes ao stress, dizem os autores no estudo.

Surpreendentemente, o musgo conseguiu se regenerar 100% em 30 dias após ficar exposto às condições simuladas de Marte em períodos entre 1 dia e uma semana. Os que ficaram apenas 1 dia no simulador também sobreviveram, mas apresentaram uma regeneração mais lenta.

Como foram feitos os experimentos

Os cientistas escolheram estudar essa planta por causa da sua grande distribuição global e por sua capacidade de sobreviver tanto em ambientes extremamente desérticos, como o deserto de Mojave, nos Estados Unidos, quanto em regiões frias, como o Alasca, a Sibéria e a Escandinávia.

Eles colocaram várias amostras dos musgos em um ambiente que simula as condições de Marte. E para testar a sua tolerância ao frio, eles armazenaram as amostras em freezers muito frios, com temperatura de -80°C, por três e cinco anos. Outras amostras foram para um tanque de nitrogênio, com temperatura de -196 °C, durante 15 e 30 dias.

Li et al. (2024)
Mudanças fenotípicas e respostas fisiológicas do musgo S. caninervis durante o processo de desidratação e reidratação. Crédito: Li et al. (2024).

Em todos os testes, os musgos conseguiram se regenerar após descongelarem, embora a recuperação fosse mais lenta se comparada às amostras que se desidrataram mas não congelaram.

Segundo o estudo, o musgo S. caninervis pode estabelecer a base para construir ambientes além da Terra sendo biologicamente sustentáveis para habitats humanos. E embora ainda haja um longo caminho pela frente para a colonização de outros planetas, a expectativa é que missões espaciais levem essa planta para testes em Marte ou na Lua.

Referência da notícia:

Li, X. et al. The extremotolerant desert moss Syntrichia caninervis is a promising pioneer plant for colonizing extraterrestrial environments. The Innovation, v. 5, n. 4, 2024.