Podem as bebidas alcoólicas ajudar a combater o frio?
As regiões situadas nas latitude mais elevadas possui os níveis mais altos de consumo de álcool do mundo e, segundo um recente estudo, pode estar associado aos climas mais frios. Todos os dias, mais de 2.500 pessoas na Europa morrem de causas atribuíveis ao álcool.
O consumo de álcool é a causa mais prevalente de doença hepática avançada em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que aproximadamente 5,9% de todas as mortalidades globais, em 2014, foram atribuíveis ao uso indevido de álcool, contra 4% em 2004.
Uma nova pesquisa publicada na revista Hepatology revelou uma ligação entre o consumo excessivo de álcool e a temperatura média. 193 países forneceram dados que mostraram maior incidência de doença hepática e alcoolismo em climas mais frios. O abuso de álcool em climas mais frios pode estar relacionado com a depressão sazonal. O álcool aumenta o fluxo sanguíneo e relaxa os vasos sanguíneos.
Segundo o Dr. Jagdish Khubchandani, professor associado de saúde comunitária da Indiana’s Ball State University, o maior fluxo sanguíneo para os membros, que causa uma sensação de calor, leva à perda de calor, resultando em uma temperatura corporal inferior. O consumo de álcool é frequentemente associado a casos de hipotermia, que ocorre quando a temperatura corporal de uma pessoa cai para níveis perigosos devido à exposição ao frio extremo.
Pessoas com problemas cardíacos devem ser especialmente cautelosas. A falsa sensação de calor que ocorre quando se bebe em condições frias pode fazer com que subestime a pressão extra que o tempo frio exerce sobre o corpo. Beber álcool afeta também a capacidade do corpo de tremer, eliminando assim uma das formas como o corpo combate a exposição ao frio.
O consumo de álcool em climas frios
Segundo a revista Hepatology, um estudo mais recente com estudantes irlandeses aponta que poucas horas de sol somadas a um estado de tempo com muita chuva, influencia a elevada ingestão de álcool.
Globalmente, a Europa Oriental tem o maior consumo per capita anual de álcool, com 16l por pessoa. Em contraste, o Norte de África/Médio Oriente tem o menor consumo per capita adulto, com 1l por pessoa. Não apenas as variáveis relacionadas ao clima, mas também as regiões culturais e religiosas podem ser explicações adequadas para essas diferenças.
Os autores da revista apontam consistentemente que as horas de sol, e especialmente a temperatura, têm um impacto no consumo de álcool e, ainda mais importante, na percentagem de pessoas que consomem álcool numa população.
Os países expostos a climas mais frios têm uma incidência aumentada de consumo de álcool e, subsequentemente, uma prevalência amplificada de danos em órgãos induzidos pelo álcool, como doença hepática alcoólica. Fatores conhecidos por exacerbarem o risco de abuso de álcool incluem depressão e a mudança das estações.
Por outro lado, a exposição à luz solar foi associada como um possível fator protetor para transtornos relacionados ao humor, como transtorno afetivo sazonal. Qualquer combinação de transtornos mentais com padrões de uso indevido de álcool pode ser especialmente prejudicial se acompanhada de temperaturas mais baixas e horas de luz solar reduzidas.
Os resultados destes estudos sugerem que países com clima mais frio e menor número de horas de sol devem melhorar as políticas preventivas de álcool. No entanto, mais estudos são necessários para confirmar o impacto da variabilidade sazonal no consumo de álcool num determinado país.