Poderá a Índia ter sido atingida por um meteorito há 4.000 anos? Cratera sugere que sim
De acordo com um recente estudo, há mais de uma década que se diz que a estrutura Luna da Índia é uma cratera de impacto. Conheça aqui mais sobre a criação desta depressão.
Foi descoberta, a noroeste da Índia, uma cratera com cerca de 1,8 quilômetros de largura, que pode ter sido resultado da colisão de um meteorito na Terra nos últimos 50.000 anos.
Segundo um estudo publicado na revista científica Planetary and Space Science, esta cratera é proeminentemente visível nas planícies de Banni da bacia tectonicamente ativa de Kutch como uma caraterística morfológica circular com uma borda menos proeminente.
Toda a área da depressão Luna está repleta de rochas fundidas com elevada gravidade específica e com uma vasta gama de propriedades magnéticas.
De acordo com os dados geoquímicos o meteorito de ferro ou ferro-pedra atingiu esta cratera como um projétil e, segundo o estudo aos restos de plantas, subjacente à camada de sedimentos, produziu uma idade de radiocarbono de 6.905 anos, tornando Luna a maior cratera resultante de um bólide de ferro nos últimos 10.000 anos.
Descreve Gordon Osinski, da Universidade de Western, no Canadá.
Cratera Luna
A cratera de 1,8 quilómetros de largura, designada por estrutura Luna, é conhecida há já algum tempo pelos habitantes do estado de Gujarat.
Os pesquisadores já a tinham examinado anteriormente, acreditando que se tratava de um impacto, mas nada resultou desses estudos.
Recentemente, em janeiro deste mesmo ano, K.S. Sajinkumar, da Universidade de Kerala, na Índia, e os seus colegas lançaram um artigo com os resultados de uma investigação mais aprofundada.
No entanto, David King, da Universidade de Auburn, no Alabama, que não esteve envolvido no estudo, diz que, embora a análise geoquímica pareça corresponder, a equipa ainda não provou completamente que se trata de uma cratera. Para isso, teriam de encontrar rochas superaquecidas que derreteram devido à energia do impacto.
Porém, esses materiais são difíceis de encontrar, e a área onde estariam na estrutura de Luna está normalmente debaixo de água.
Talvez seja o único impacto desta magnitude alguma vez testemunhado por civilizações complexas da Terra
Apesar de tudo, Osinski afirma que apesar da falta de materiais de choque, está convencido de que a estrutura de Luna é uma cratera de impacto devido a outras evidências.
Por exemplo, a datação por radiocarbono de material orgânico por baixo da camada de detritos do presumível impacto mostrou que o material vegetal tem cerca de 6.900 anos.
Foram também realizados testes de luminescência opticamente estimulada na camada de solo, que revelaram a última vez que os minerais viram a luz do sol.
Estes testes, que se baseiam em presumíveis pedaços do meteorito permitiram ainda refinar a data para cerca de 4.050 anos atrás. Isto colocaria o impacto num período próximo do final da fase de maturidade da civilização Harappan no vale do Indo.
A cratera fica a pouco mais de 100 quilômetros do sítio arqueológico de Dholavira, que foi uma cidade Harappan neste período.
De acordo com os autores do estudo, este pode ter sido o único impacto de tal magnitude que as civilizações complexas da Terra alguma vez testemunharam.
Referência da notícia: K.S. Sajinkumar et. al "The Luna structure, India: A probable impact crater formed by an iron bolide." (2024)