Poluição atmosférica pode causar doenças mentais
Estudos na Inglaterra e Brasil revelam que a poluição do ar afeta a saúde da população. As doenças são as mais variadas e vão desde a problemas cardiovasculares até ansiedade e síndrome do pânico.
O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A saúde mental está ligada a problemas sociais e também culturais, mas uma pesquisa publicada no “British Journal of Psychiatry” revelou que a poluição do ar também pode ter relação com doenças mentais.
A pesquisa contou com quase 14 mil pessoas em 4 bairros de Londres (Inglaterra) entre 2008-2012 e contabilizou quantos foram internados no hospital ou tiveram consulta com seus médicos no consultório ou ambulatórios. Os pacientes foram acompanhados por 7 anos.
Não existe um nível seguro de poluição do ar
Ar poluído é uma mistura de material particulado , líquidos e gases que são emitidos na atmosfera pela indústria, combustíveis fósseis, veículos e queima de biomassa.
Estima-se que a poluição do ar cause 482.000 mortes prematuras por ano somente na Europa, um custo de 1.575 trilhão de dólares, diz o estudo. Essas estimativas são baseadas em impactos de doenças cardiorrespiratórias, mas evidências confirmam que a poluição do ar também pode afetar o cérebro.
Entenda mais sobre o estudo
Para os dados de fonte utilizaram-se o Sistema de Modelagem de Dispersão Atmosférica , por meio do modelo de democratização do ar de alta resolução, para a Grande Londres. Dados meteorológicos foram coletados na escala horária no período de 2008 a 2012. As relações entre os poluentes atmosféricos são derivadas empiricamente e estimadas a partir do Inventário das Emissões Atmosféricas de Londres.
Em um ano os pesquisadores observaram os pacientes expostos a um aumento de 15 µg/m³ (sendo que a média é de 40 µg/m³) nos níveis de dióxido de nitrogênio e o risco foi de 18% maior de internação hospitalar e foi maior a procura não atendimento dos consultórios ou ambulatórios.
Os autores do estudo relataram que o aumento das pequenas partículas de 3 µg/m³ do gás ao longo de um ano (média foi de 14,5 µg/m³) aumentou em 11% de tratamento hospitalar e em 7% o risco de atendimento ambulatorial.
Diversas são as áreas que envolvem estudos relacionados a Meteorologia. Chama-se de Biometeorologia a área aplicada que estuda especificamente em relação às condições atmosféricas e os seres vivos. E aqui no Brasil têm especialistas, que pesquisam a associação entre o clima e a saúde humana.
A professora Ana Carla dos Santos Gomes , do Curso de Ciências Atmosféricas do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG), localizada em Santarém, Pará, executa um projeto, criado em 2017 e chama-se “Biometeorologia Estatística: Análise dos modos da variabilidade sazonal da região do Oeste do Pará e seus efeitos na saúde”. O projeto integra o grupo de pesquisa “Ciências Atmosféricas na Amazônia”.
Essa pesquisa tem o objetivo de entender como as condições climáticas afetam a saúde humana.
Inglaterra e Brasil: do infarto à saúde mental
O estudo da Inglaterra é para uma região de Londres, mas se aplica a muitas cidades em todo o mundo com tráfego intenso de veículos à diesel, com modificações da periferia para o centro da cidade.
E o estudo realizado pela professora brasileira, intitulado como Vulnerabilidade à saúde cardiovascular da população idosa de São Paulo, Brasil, devido à geração do ar, também consegue mostrar como a poluição atmosférica aumenta o risco da mortalidade para a população idosa em um centro urbano.
A professora Ana Carla e outros pesquisadores concluíram que o risco estimado de óbitos da população exposta ao CO, SO2, O3 e PM10, aumentaram 3%, 6%, 4% e 9%, respectivamente.
Os resultados científicos fortalecem a ideia de que o ambiente influencia a saúde e aumenta o risco de rinite, sinusite, infarto e afeta a saúde mental.