Poluição do ar pode agravar e até dobrar o número de casos de dermatite atópica, revela estudo

Novo estudo identificou que as partículas finas PM2.5 podem agravar a doença de pele ou até mesmo desencadear a doença em pessoas saudáveis, dobrando o número de casos registrados. Veja mais detalhes da pesquisa.

dermatite atópica, coceira
A dermatite atópica é uma doença crônica e hereditária que causa inflamação da pele, levando ao aparecimento de lesões e coceira.

A dermatite atópica, também conhecida como eczema atópico, é uma doença crônica e hereditária que causa inflamação da pele, coceira e lesões. Ela não é contagiosa e sua causa exata ainda é desconhecida. Sua principal característica é a pele seca com coceira constante, e justamente isso leva a ferimentos e lesões na pele.

É uma das doenças de pele mais comuns no Brasil, podendo afetar até 25% das crianças e 7% dos adultos; e é mais comum em pessoas que têm histórico familiar da doença.

Agora, um novo estudo publicado na revista PLOS One, revela um agravante para esta doença: as partículas finas poluentes PM2.5 podem ultrapassar as defesas naturais da pele, causando inflamações e agravando a doença, ou até mesmo desencadeando o problema em pessoas saudáveis.

Fonte de dados da pesquisa

O estudo foi realizado nos Estados Unidos, com mais de 280 mil pessoas, utilizando dados do programa “All of Us Research, um projeto que coleta informações de saúde de participantes de diversas origens étnicas e socioeconômicas no país.

Os registros médicos dessas pessoas foram cruzados com medições de poluição realizadas em 788 localidades, abrangendo áreas urbanas e rurais.

Os principais resultados

O estudo revelou uma relação preocupante entre a poluição do ar pelas partículas PM2.5 e o aumento dos casos de dermatite atópica na sua forma mais comum.

As partículas finas PM2.5, também conhecidas como Material Particulado (MP2.5) são partículas sólidas ou líquidas que estão suspensas no ar e têm um diâmetro menor ou igual a 2,5 micrômetros (µm). São um dos principais poluentes do ar, e altamente prejudiciais à saúde humana.

As áreas com níveis mais altos de partículas PM2.5 registraram taxas da doença mais de duas vezes superiores às taxas das regiões menos poluídas; ou seja, os casos de dermatite atópica eram significativamente mais frequentes nessas áreas.

Além disso, também foi observado que a poluição por essas partículas finas não apenas agrava as condições pré-existentes, mas pode desencadear a doença em pessoas saudáveis. Isso porque as partículas ativam o sistema imunológico e provocam danos inflamatórios na barreira protetora da pele.

poluição do ar
As partículas finas PM2.5, emitidas principalmente por veículos e indústrias, têm até 2,5 micrômetros de diâmetro e são um dos principais elementos poluentes do ar.

Então, em resumo, as regiões com maior densidade populacional e níveis mais elevados de poluição por PM2.5 foram as mais impactadas, indicando um risco maior da doença para quem vive nesses locais.

Outros fatores que podem piorar a condição da doença

Os pesquisadores também observaram que condições alérgicas, como asma, rinite e alergias alimentares, aumentam ainda mais a vulnerabilidade à dermatite atópica.

Pessoas com essas condições, quando expostas à poluição do ar, apresentaram maior probabilidade de desenvolver a doença ou sofrer com sintomas mais graves. No entanto, mesmo em indivíduos sem essas condições, a poluição continua sendo um fator de risco importante.

Segundo o estudo, a exposição às partículas PM2.5 manteve uma relação direta e significativa com o aumento dos casos de dermatite atópica.

Essa descoberta amplia a nossa compreensão sobre os danos causados pela poluição do ar e destaca a urgência de medidas para mitigar os seus efeitos.

Os autores reforçam que os resultados são um alerta para governos e autoridades de saúde, onde a implementação de políticas mais rigorosas para reduzir os níveis de poluição se faz necessário.

E eles ainda sugerem medidas práticas de proteção, como: evitar atividades ao ar livre em dias de alta poluição, usar roupas que cubram a pele e investir em sistemas de filtragem de ar em ambientes internos.

Referências da notícia:

Chen, G. F. et al. Association between fine particulate matter and eczema: A cross-sectional study of the All of Us Research Program and the Center for Air, Climate, and Energy Solutions. PLOS One, 2024.

Veja. “Poluição do ar mais que dobra os casos de dermatite atópica, revela estudo”. 2024.