Poluição no ar durante infância pode ter ligação com esquizofrenia
Crianças que crescem em áreas com muita poluição do ar têm maior risco de desenvolver esquizofrenia. Esta é a conclusão de um novo estudo do projeto de psiquiatria dinamarquês. Este resultado sugere que o número de esquizofrênicos em cidades grandes deve aumentar com o passar dos anos.
A esquizofrenia é uma doença ligada à perturbações mentais que muitas vezes se inicia no final da adolescência e se intensifica na vida adulta. Os sintomas variam, mas em geral o portador apresenta confusão mental, tendência a se isolar, dificuldade em aprender e mania de perseguição. Estima-se que este transtorno afete aproximadamente 2 milhões de brasileiros.
As causas desta doença ainda são inconclusivas devido a complexidade do cérebro humano. Porém, um estudo encontrou uma relação entre a poluição do ar na infância com o desenvolvimento da esquizofrenia. Os resultados desta pesquisa foram publicados na revista científica JAMA Network Open. O estudo, que combina dados genéticos do iPSYCH com dados de poluição do ar do Departamento de Ciência Ambiental, mostra que as crianças que são expostas a um alto nível de poluição do ar durante o crescimento têm um risco aumentado de desenvolver esquizofrenia.
O estudo mostra que quanto maior o nível de poluição do ar, maior o risco de esquizofrenia. Para cada aumento de 10 μg/m³ (concentração de poluição do ar por metro cúbico) na média diária, o risco de esquizofrenia aumenta em aproximadamente 20%. As crianças expostas a um nível médio diário acima de 25 μg/m³ têm risco aproximadamente 60% maior de desenvolver esquizofrenia em comparação com aqueles que são expostos a menos de 10 μg/m3.
Para colocar esses números em perspectiva, o risco ao longo da vida de desenvolver esquizofrenia é de aproximadamente 2%, o que equivale a duas em cada cem pessoas que desenvolvem esquizofrenia durante a vida. Para as pessoas expostas ao nível mais baixo de poluição do ar, o risco de desenvolver a doença é inferior a 2%, enquanto para as pessoas expostas ao nível mais alto de poluição do ar é de aproximadamente 3%.
O risco de desenvolver esquizofrenia também é maior se o indivíduo tiver uma maior predisposição genética pela doença. Os dados mostram que essas associações são independentes umas das outras. A associação entre poluição do ar e esquizofrenia não pode ser explicada por uma maior responsabilidade genética em pessoas que crescem em áreas com altos níveis de poluição atmosférica.
O estudo incluiu 23.355 pessoas no total, e destas, 3.531 desenvolveram esquizofrenia. Embora os resultados demonstrem um risco aumentado de esquizofrenia quando o nível de poluição do ar durante a infância aumenta, os pesquisadores não podem comentar sobre a causa. Em vez disso, enfatizam que são necessários mais estudos antes de poderem identificar a causa dessa associação.