Poluição por microplástico é encontrada no Monte Everest
Partículas de microplástico foram encontradas em amostras de neve e água do Monte Everest, o que indica que nem o pico está a salvo da poluição. Em sua maioria são fibras de poliéster, provenientes dos alpinistas e de transporte por vento.
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A poluição por plástico é uma questão que se torna cada vez mais importante nos nossos tempos, já que os impactos ambientais deste material são notáveis e durarão por milhões de anos. O plástico não se degrada, e é comum que animais marinhos e terrestres consumam ou se prendam a pedaços de plástico e morram em decorrência disso.
Portanto, a poluição causada pelo plástico tem se tornado o foco de intervenções que vão desde iniciativas que passam pela limpeza de praias e rios, reciclagem de lixo, até mudanças na composição de produtos comerciais e políticas internacionais.
Este panorama ganha uma importância ainda maior com uma nova pesquisa por Imogen E. Napper e outros pesquisadores. Suas descobertas destacam que a atividade humana tem causado impactos até mesmo nas áreas mais remotas da Terra, em parte pela exploração de ambientes extremos.
Large ocean animals commonly eat plastic waste, report finds.
San Francisco Chronicle (@sfchronicle) November 19, 2020
Story by @DustinGardiner: https://t.co/9aV5ydwfNX pic.twitter.com/BWrZIfOFd8
No artigo publicado pela One Earth, os pesquisadores fornecem a primeira documentação da presença de microplástico na neve e na água de riachos do Monte Everest, que inclui trilhas de escalada com alta presença humana. É a primeira vez que um registro do tipo é captado em montanhas tão altas.
O Monte Everest, conhecido no Nepal e na China como Sagarmatha e Qomolangma, respectivamente, já foi um ambiente intocado há poucas décadas atrás. Por ser o pico mais alto do mundo, atingindo 8850 metros acima da superfície do mar, se tornou um destino famoso entre escaladores, especialmente nos últimos anos. O pico passou de 3 mil visitantes em 1979 para mais de 45 mil em 2016.
Embora o aumento do número de visitantes tenha impulsionado imensamente a economia local, os impactos negativos estão se tornando aparentes. Resíduos estão se acumulando na montanha, como velhas tendas, cordas fixas, garrafas de oxigênio usadas, dejetos humanos, latas, vidro e papel deixados para trás em expedições anteriores. Uma grande parte deste lixo também é composta de plástico.
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Essas pequenas peças de plástico são formadas principalmente por fibras de poliéster, provenientes de roupas e equipamentos dos alpinistas. Algumas partículas também foram levadas para a região através do vento, a partir de outras partes do mundo.
A versatilidade dos materiais plásticos resultou em um aumento substancial da sua produção, que passou de 5 milhões de toneladas em 1950 para mais de 330 milhões em 2020, principalmente devido ao uso de materiais de plástico descartável. Junto à sua alta durabilidade e baixo custo, a ampla utilização tornou o lixo plástico o mais predominante em todo o mundo, mesmo em áreas remotas.
Embora os impactos associados à saúde humana ainda estejam sob investigação, a ingestão ou inalação de micropartículas são de grande preocupação, pois o plástico pode acumular em nossos tecidos internos. Se ingeridas, as micropartículas podem exercer toxicidade por meio da indução ou aumento de uma resposta imune. Além disso, o plástico pode liberar componentes causadores de toxicidade química.
Plástico no mar: poluição tem que parar (via @Mar_Sem_Fim)https://t.co/2FhPhA0KVh pic.twitter.com/MJzoFsZ15W
— Estadão (@Estadao) November 14, 2019
Os pesquisadores argumentam que isso cria um desafio e uma oportunidade para os fabricantes de roupas e equipamentos de escalada, que precisam desenvolver projetos que utilizem materiais mais sustentáveis que minimizem a liberação de plástico no meio ambiente.
Para quem não costuma escalar montanhas, resta continuar reduzindo a compra e o descarte de plástico no dia-a-dia, e sempre se atentar à reciclagem. Pequenos atos, quando praticados por todos, se tornam gigantescas mudanças para o planeta. O primeiro passo está em cada humilde decisão de reciclar uma embalagem, por exemplo, ao invés de jogá-la no meio ambiente.