Por quanto tempo a vida poderá prosperar na Terra? Cientistas recalcularam e agora estão mais otimistas
O Sol, com 5 bilhões de anos, está na metade de sua vida. Embora continue a brilhar por mais um bilhão de anos, passará por mudanças que impactarão diretamente a Terra.
Nosso Sol, aquela estrela amarela que nos fornece luz e calor, também é o motor que impulsiona os processos vitais em nosso planeta. No entanto, ele não é eterno. À medida que envelhece, seu núcleo se torna cada vez mais quente e denso, fazendo com que ele emita mais energia. Esse aumento gradual da luminosidade solar, ainda que lento, terá consequências profundas para a Terra.
Até agora, a luz solar aumentou em 30% desde a formação do Sol, e o aumento não vai parar. Cientistas estimam que em cerca de um bilhão de anos, a radiação solar será suficiente para desencadear uma série de mudanças drásticas em nosso planeta. Os oceanos evaporarão, a atmosfera se tornará irrespirável e a superfície da Terra se transformará em um deserto escaldante. A vida como a conhecemos será impossível na Terra.
O ciclo do carbono: um equilíbrio precário
Um elemento-chave na equação da vida na Terra é o carbono. Este elemento essencial para a formação de moléculas orgânicas circula constantemente entre a atmosfera, os oceanos e a biosfera. O dióxido de carbono (CO2) desempenha um papel crucial no efeito estufa, mantendo a temperatura do planeta dentro de uma faixa habitável.
No entanto, o aumento da temperatura solar acelerará o ciclo hidrológico e, portanto, a erosão das rochas de silicato, o que, por sua vez, desencadeará reações com a água da chuva e extrairá CO2 da atmosfera. Essa diminuição nos níveis de CO2 terá um impacto devastador na vegetação, já que as plantas precisam desse gás para realizar a fotossíntese.
Esse cenário sombrio foi considerado até agora como o evento que nos levaria àquele desfecho inevitável para a vida. No entanto, um estudo recente sugere que as plantas podem sobreviver muito mais do que se pensava anteriormente.
Um novo horizonte: mais tempo para a vida?
Uma nova pesquisa traz novas informações sobre o futuro da vida na Terra. Pesquisadores da Universidade de Chicago descobriram que o declínio do CO2 atmosférico pode ser mais lento do que se pensava anteriormente. Graças a um modelo climático mais sofisticado, os cientistas estimam que a vida vegetal pode persistir por até 1,6 bilhão de anos a mais.
O trabalho foi liderado por RJ Graham, pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Ciências Geofísicas da Universidade, e usou modelos que combinam produtividade vegetal, intemperismo de silicato e clima para estimar o futuro das plantas terrestres.
Graham e sua equipe determinaram que as plantas C3, que representam a maior parte da vegetação na Terra e cuja fotossíntese se torna menos eficiente em ambientes mais quentes e claros, morreriam mais cedo do que as plantas C4. Isso deixaria um período de aproximadamente 500 milhões de anos em que apenas espécies C4, como milho e cana-de-açúcar, sobreviveriam.
Este estudo desafia estimativas anteriores e sugere que a vida na Terra pode ter muito mais tempo para evoluir e se adaptar às mudanças ambientais. No entanto, é importante lembrar que este é apenas um cenário possível e muitas incertezas permanecem.
Um caminho cheio de desafios
Embora a vida na Terra possa ter um futuro mais longo do que o esperado, enfrentaremos inúmeros desafios nos próximos milhões de anos.
Primeiro, há as mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas, que estão acelerando os processos naturais e aumentando a vulnerabilidade do nosso planeta. Além disso, o surgimento de novas doenças, a escassez de recursos e os conflitos geopolíticos podem colocar em risco a sobrevivência da nossa espécie.
Se sobrevivermos a isso, à medida que o Sol ficar mais brilhante, o aumento das temperaturas será insuportável, fazendo com que a água evapore e o vapor se acumule na atmosfera, aumentando ainda mais as temperaturas globais. O próximo passo nesse processo será a perda de água, quando o hidrogênio não ficará mais retido na atmosfera e será liberado no espaço, deixando a Terra em uma fase irreversível de seca.
Referência da notícia
Substantial extension of the lifetime of the terrestrial biosphere. 16 de setembro, 2024. Graham, R. J. et al.