Por que não há temporadas de furacão no Brasil?
Características climáticas e geográficas do Oceano Atlântico Sul não são favoráveis à presença de Furacões, mas sua formação não é impossível e já aconteceu antes, atingindo inclusive o Brasil.
Com tantos furacões e tufões se formando ao redor do mundo e a inusitada quebra de recordes desta temporada no hemisfério norte, muitos se perguntam porque o mesmo não ocorre no Brasil.
E, de fato, na década de 80 os cientistas acreditavam que ciclones tropicais não se formavam no Oceano Atlântico Sul, pois existem várias características climáticas e geológicas que praticamente impossibilitam a formação deste tipo de fenômeno.
Entre elas, podemos destacar rapidamente:
- As temperaturas do oceano Atlântico Sul, que são mais frias que as do Atlântico Norte e, portanto, fornecem menos umidade para alimentar os ciclones;
- A forte variação na direção e velocidade do vento conforme a altitude, característica que os meteorologistas costumam chamar de cisalhamento do vento;
- E a posição da Zona de Convergência Intertropical, ou ZCIT, uma região próxima ao equador onde ventos convergem e formam tempestades.
Na década de 90, com o avanço das observações atmosféricas via satélite, meteorologistas começaram a observar sistemas ciclônicos no Atlântico Sul, embora nenhum deles tenha se desenvolvido e formado de fato um furacão.
Alguns candidatos que quase se tornaram furacões foram observados nos anos de 1991 e 1994, por exemplo. Estes registros já indicavam que, talvez, a formação de um furacão não fosse impossível.
Finalmente, no ano de 2004, o primeiro e único furacão registrado a atingir o Brasil se formou.
O Furacão Catarina
Tudo começou como um ciclone comum, como os que geralmente se formam trazendo frentes frias e chuva para o Brasil. Mas conforme o sistema se afastava para o leste, em direção ao oceano, uma área de alta pressão muito intensa se formou sobre o Atlântico Sul e o impediu de continuar em sua trajetória.
O sistema então parou e estacionou num local com excelentes condições meteorológicas: As temperaturas do oceano estavam mais quentes, e o cisalhamento do vento estava menos intenso que o normal.
A combinação destas características fez com que o sistema se transformasse, em poucos dias, em um Furacão que retornou em direção ao Brasil e atingiu o estado de Santa Catarina.
O Furacão Catarina chegou a registrar velocidades de vento sustentadas de 160 km/h, o que faz com que ele possa ser considerado um Furacão de categoria 2. Após atingir o continente, Catarina se desintensificou e se dissipou em poucas horas.
Depois da ocorrência do Furacão Catarina, entendeu-se que a formação de sistemas deste tipo era possível no Brasil, porém apenas sob condições muito favoráveis e raras. Desde então, ciclones subtropicais tem sido observados e nomeados, embora nenhum deles tenha se tornado um segundo furacão.
Quando haverá um novo furacão no Brasil?
Há a possibilidade de outros furacões terem se formado antes do Catarina, assim como novos furacões podem se formar no futuro.
Em 1970, por exemplo, imagens raras de satélite captaram um ciclone com um olho bem atrás de uma frente fria que poderia ser um registro prévio de furacão no Atlântico Sul, embora não haja dados sólidos nem estudos conclusivos sobre o sistema.
Mas o fato é que, ainda hoje, os cientistas acreditam que um fenômeno deste tipo é algo tão raro que se vê uma única vez durante a vida. As condições continuam não sendo favoráveis para a formação de furacões no Atlântico Sul.
Ainda assim, Catarina nos ensinou que nada é impossível, e que devemos sempre estar atentos e preparados para o pior.
Não confunda TORNADOS com FURACÕES!
Tornados ocorrem frequentemente no Brasil, e são vistos como uma coluna giratória de ar, em contato com a superfície, que se forma logo abaixo de uma nuvem de tempestade. Eles podem causar grande destruição, mas são pequenos, possuem em média 150 metros e duram apenas alguns minutos.
Furacões são um tipo de fenômeno diferente. Tratam-se de tempestades muito maiores, com dimensões de cerca de 500 km, que duram vários dias. Por seu imenso tamanho e força, às vezes furacões formam tornados dentro de si, como aconteceu recentemente em Portugal.