Povos indígenas e tribais são os melhores guardiões das florestas

De acordo com novo relatório da ONU, as terras protegidas pelos povos indígenas e tribais da América Latina possuem taxas de desmatamento muito menores que as demais. Além de proteger a natureza, essa proteção evita a emissão de toneladas de CO2 para a atmosfera!

Índios
O novo relatório da ONU chama a atenção para o importante papel que os povos indígenas exercem para a preservação das florestas e combate as mudanças climáticas. Imagem: Divulgação/Andeps.

Um novo relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece que os povos indígenas e tribais da América Latina e Caribe são os melhores guardiões das florestas, além de exercerem papel fundamental no controle das mudanças climáticas!

Intitulado como “Governança Florestal por Povos Indígenas e Tribais”, o relatório foi publicado em conjunto pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (FILAC), e consiste numa extensa e detalhada análise feita com base na revisão de mais de 300 estudos científicos publicados nas últimas duas décadas.

Quase metade (45%) das florestas intactas da Bacia Amazônica estão em territórios indígenas (Myrna Cunningham, presidente do FILAC)

Esse relatório revela pela primeira vez quão melhores são os povos indígenas e tribais em proteger suas florestas, comparado a outros agentes responsáveis por outras áreas florestais. As taxas de desmatamento são significantemente mais baixas em territórios indígenas, principalmente aqueles onde os governos reconheceram formalmente os direitos coletivos à terra.

Os povos indígenas estão envolvidos na governança de 320 a 380 milhões de hectares de florestas na América Latina, que armazenam cerca de 34 bilhões de toneladas métricas de carbono.

De acordo com um dos estudos analisados no relatório, a taxa de desmatamento dentro das áreas indígenas onde a propriedade da terra foi garantida foi 2,8 vezes menor do que fora dessas áreas na Bolívia, 2,5 vezes menor no Brasil e 2 vezes menor na Colômbia.

“A evidência de seu papel vital na proteção da floresta é clara: enquanto a área de floresta intacta diminuiu apenas 4,9% entre 2000 e 2016 nas áreas indígenas da região amazônica, nas áreas não indígenas caiu 11,2%”, disse Myrna Cunningham, presidente do FILAC.

Terras indígenas emitem menos carbono

Além de protegerem as florestas nativas, o relatório também mostra que aprimorar e garantir a segurança de posse dos territórios indígenas é uma forma eficiente e econômica de reduzir as emissões de carbono. De acordo com Julio Berdegué, representante regional da FAO, esses territórios contêm cerca de um terço de todo o carbono armazenado nas florestas da América Latina e do Caribe e 14% do carbono armazenado nas florestas tropicais em todo o mundo.

Apesar dos territórios indígenas cobrirem 28% da bacia amazônica, eles geram apenas 2,6% das emissões brutas de carbono da região

Ao todo, os territórios indígenas titulados evitaram entre 42,8 e 59,7 milhões de toneladas (MtC) de emissões de CO2 a cada ano na Bolívia, Brasil e Colômbia. Isso seria o mesmo que tirar de circulação entre 9 e 12,6 milhões de veículos por ano!

Aliados no combate às mudanças do clima

Os territórios indígenas também oferecem um custo-benefício mais interessante em termos de proteção ambiental e controle da emissão de carbono. O relatório afirma que os custos de proteção de terras indígenas são de 5 a 42 vezes menores do que os custos médios de CO2 evitados por meio de captura e armazenamento de carbono fóssil.

Diante da importância que os povos indígenas e tribais exercem para o meio ambiente, o relatório faz um apelo aos governos para que invistam em projetos que fortaleçam o papel desses povos, reforcem seus direitos territoriais e compensem as comunidades por seus serviços ambientais prestados.