Quase metade das espécies de anfíbios do mundo estão em perigo de extinção

Este é o grupo de vertebrados mais ameaçado do planeta e o segundo mais ameaçado globalmente. Quais são as causas deste declínio? A verdade é que 2 em cada 5 espécies de anfíbios desapareceriam a médio prazo.

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Sapo hoogmoed arlequim (Atelopus hoogmoedi), uma das espécies mais ameaçadas do mundo. Imagem de Jaime Culebras.

A sexta extinção em massa de espécies continua seu avanço acelerado devido à predação realizada por alguns seres humanos. Neste caso, um novo estudo revelou que 40,7% (2.873) das espécies de anfíbios estão em perigo de extinção no planeta.

“Descobrimos que os anfíbios são a classe de vertebrados mais ameaçada do mundo”, detalha a pesquisa publicada na revista Nature. Um número superior aos 27% de espécies de mamíferos, 21% de répteis e 13% de aves que também correm risco de extinção.

Quase mil especialistas analisaram o risco de extinção de mais de 8.000 espécies de anfíbios e concluíram que 2 em cada 5 anfíbios poderão desaparecer a médio prazo.

As causas que os estão matando

Ao considerar as causas deste declínio nas espécies de anfíbios, as ameaças mais comuns são a perda e a degradação do habitat. Neste sentido, os principais são a agricultura (77% das espécies afetadas), a recolha de madeira e plantas (53%) e o desenvolvimento de infraestruturas (40%).

Os efeitos das alterações climáticas e das doenças são dois tipos de ameaças comuns, cada uma representando 29% delas.

O maior número de espécies ameaçadas encontra-se nas Ilhas das Caraíbas, na Mesoamérica, nos Andes tropicais, nas montanhas e florestas do oeste dos Camarões e do leste da Nigéria, em Madagascar, nos Ghats Ocidentais e no Sri Lanka.

Outras áreas com espécies ameaçadas são encontradas no bioma Mata Atlântica do sul do Brasil, nas Montanhas do Arco Oriental da Tanzânia, no centro e no sul da China, e nas Montanhas Anamitas do sul do Vietnã.

Segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), os anfíbios são o segundo grupo mais ameaçado do planeta, depois das cigarras, com 69% em perigo de extinção. Seguem-se: tubarões e raias 37%, coníferas 34%, corais construtores de recifes 33%, mamíferos 27%, répteis 21,4%, libélulas 16%, aves 13% e caracóis cônicos 6,5%.

Anfíbios

O nome desses vertebrados vem do grego e significa “ambos os meios”, já que sua vida se dá entre a água e a terra. Estes dependem de água doce, seja para sobreviver ou para se reproduzir. Além disso, se vivem em terra, esta deve estar úmida.

Os anfíbios, como rãs, sapos, salamandras, enfim, vivem em todas as regiões, exceto onde as condições climáticas são mais severas como o Ártico, a Antártida e os desertos extremos. Caracterizam-se, ao contrário dos demais vertebrados, por passarem por diversas alterações morfológicas ao longo da vida, ou seja, metamorfose.

Um anfíbio típico emerge da fase larval em ambiente aquático e onde respira pelas guelras. Na fase adulta, embora não deixem de depender da água, tendem a estar menos nela, razão pela qual muitas espécies desenvolvem pulmões cuja função é reforçada pela respiração pela pele.

De qualquer forma, existem algumas espécies que mantêm as guelras ao longo da vida. Outros também são capazes de secretar substâncias tóxicas que utilizam para se defenderem de predadores.