Rins são cruciais para a aclimatação em grandes altitudes, segundo estudo
Estudo mostrou que os rins têm um papel crucial na aclimatação à altitude. A pesquisa destaca como os sherpas tibetanos tem uma vantagem fisiológica sobre os moradores de terras baixas em ambientes de grande altitude.
A capacidade de adaptação à hipóxia e ao desequilíbrio ácido-base em grandes altitudes é uma habilidade vital para as populações humanas que vivem ou visitam estas regiões extremas.
Um estudo recente publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences desvendou os mecanismos fisiológicos por trás dessa adaptação, concentrando-se na função renal e respiratória em habitantes das terras baixas e montanhistas tibetanos, comumente conhecidos como sherpas.
A pesquisa, intitulada "Comparing integrative ventilatory and renal acid-base acclimatization in lowlanders and Tibetan highlanders during ascent to 4,300 m", foi liderada pelo Dr. Trevor Day, junto com sua equipe internacional. O trabalho consistiu em analisar a aclimatação ácido-base no sangue dos dois grupos durante uma subida gradual de até 4.300 metros no Himalaia nepalês.
Sherpas: um exemplo de adaptação em altitudes
O estudo descobriu que os sherpas exibem uma aclimatação ácido-base mais rápida e de maior magnitude em comparação com os habitantes das terras baixas.
Este processo, que envolve a respiração e os rins, permite que os sherpas mantenham um pH sanguíneo completamente equilibrado a 4.300 metros de altitude, enquanto os habitantes das terras baixas permanecem em estado de alcalose.
“Os resultados destacam o papel crucial dos rins na aclimatação à altitude, destacando diferenças fisiológicas significativas entre populações adaptadas e não adaptadas”, observa o Dr. Day.
Estas diferenças parecem ser o resultado de pressões seletivas sobre as populações ancestrais tibetanas, que evoluíram para resistir aos desafios extremos do ambiente montanhoso.
O desafio da altitude
A exposição a grandes altitudes resulta em uma diminuição da disponibilidade de oxigênio e num desequilíbrio ácido-base no corpo humano.
A equipe avaliou grupos de mesma idade e sexo de ambas as origens. Enquanto os habitantes das terras baixas mostraram uma adaptação mais lenta e menos eficiente, os sherpas demonstraram uma capacidade acelerada de equilibrar os níveis de oxigênio e ácido-base. De acordo com o Dr. Day, “essas descobertas têm implicações significativas para a compreensão da fisiologia da aclimatação e sua relação com a evolução humana”.
Implicações científicas e médicas
Este estudo não só aprofunda o conhecimento sobre a adaptação à altitude, mas também tem aplicações práticas na medicina e nos esportes. Compreender como os sherpas conseguem compensar os efeitos adversos da altitude pode ser fundamental para desenvolver melhores estratégias de aclimatação para montanhistas, atletas e turistas.
Além disso, os resultados poderão esclarecer tratamentos para condições relacionadas a desequilíbrios ácido-base, bem como o manejo de doenças respiratórias e renais.
Referência da notícia
Comparing integrative ventilatory and renal acid–base acclimatization in lowlanders and Tibetan highlanders during ascent to 4,300 m. 30 de dezembro, 2024. Johnson, N. A. et al.