São Paulo registra recordes de calor e frio em apenas quatro dias. Culpa das mudanças climáticas?
Em poucos dias, o estado de São Paulo passou por uma onda de calor extremo e uma massa de ar frio congelante. Mudanças climáticas podem estar por trás desse contraste imenso.
Nos últimos dias, o Estado de São Paulo passou por grandes contrastes de temperatura. Primeiro, uma onda de calor fez as temperaturas subirem para valores próximos dos 40 graus. Depois, uma frente fria avançou pelo país e fez as temperaturas caírem abaixo de 10 graus. A mudança brusca pegou muita gente de surpresa.
Para relembrar, na última quarta-feira (23), a onda de calor fez com que a cidade de São Paulo registrasse uma temperatura de 32,3 °C na estação do Mirante de Santana. Essa foi a segunda maior temperatura do ano - superada apenas durante o verão, no dia 16 de janeiro, quando a capital registrou 32,5 °C. A estação de Interlagos, por sua vez, registrou 33,6 °C.
No mesmo dia, Valparaíso registrou temperaturas de 37,7 °C, e Bertioga registrou escaldantes 38,4 °C. A umidade relativa também chegou a valores baixíssimos, próximos a 25%, o que é bastante prejudicial à saúde. Isso fez com que a Defesa Civil decretasse estado de atenção por baixa umidade do ar em toda a capital paulista.
Na sexta-feira (25), no entanto, a situação mudou. A entrada de uma frente fria causou chuvas e trouxe uma massa de ar frio para São Paulo, fazendo as temperaturas despencarem. Na capital, durante o domingo (27), a estação do Mirante de Santana registrou 11,4 °C, enquanto em Interlagos as temperaturas chegaram a 10,9 °C. Essas foram as temperaturas mais frias do ano, inferiores inclusive ao registrado em Buenos Aires e Montevidéu.
No mesmo dia, outras cidades do Estado registraram temperaturas ainda menores, abaixo dos dez graus. É o caso de Barra do Turvo, que registrou uma mínima de 6,5 °C; Itapeva, que registrou uma mínima de 8,0 °C; e São Miguel Arcanjo, que registrou 9,4 °C.
Esse contraste térmico extremo é culpa das mudanças climáticas?
O fato é que esses extremos de temperatura tendem a aumentar ao longo dos próximos anos. Muitas pesquisas têm mostrado que ondas de frio congelante e ondas calor escaldante estão aumentando, em grande parte, devido às mudanças climáticas.
Em um estudo recente conduzido Instituto de Ciências Marinhas da UNIFESP, pesquisadores descobriram que contrastes de temperatura no litoral do Sudeste estão se tornando cada vez mais pronunciados. Além disso, as variações entre frio extremo e calor extremo estão se tornando mais rápidas.
Diversas outras pesquisas tem corroborado essa noção. Um exemplo é um estudo conduzido por pesquisadores da USP, que demonstrou que as mudanças climáticas são responsáveis por um grande aumento na probabilidade de eventos extremos no Sudeste do Brasil.
Nessa história, ninguém é beneficiado. Temperaturas extremas desencadeiam alterações fisiológicas e mudanças no comportamento de muitas espécies, além de aumentar as taxas de mortalidade entre animais terrestres e aquáticos.
Além disso, diversas doenças respiratórias estão associadas às oscilações de temperatura, que prejudicam especialmente idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade. Infelizmente, a partir de agora, a situação só vai piorar.