Tornado em Ohio: efeitos florestais do fenômeno em 1999 perduram até hoje, segundo estudo
Um estudo de longo prazo publicado recentemente analisou os efeitos em uma floresta devastada por um tornado há 25 anos no estado americano de Ohio. Veja o que eles descobriram.
Um tornado EF-4 (na escala Fujita melhorada), com ventos intensos de mais de 320 Km/h, atingiu a cidade de Cincinnati, no sudoeste do estado americano de Ohio, em 1999, deixando quatro mortos e mais de 200 casas destruídas nos subúrbios de Blue Ash, Montgomery e Loveland, segundo o Serviço Meteorológico Nacional (NWS, na sigla em inglês) da NOAA. A cidade de Wilmington também foi arrasada.
Um estudo publicado recentemente na revista Ecology and Evolution, liderado pela Universidade de Cincinnati (UC), analisou os efeitos de longo prazo deste tornado em uma floresta caducifólia em Cincinnati, que perduram até hoje.
As consequências pós-tornado em floresta de Cincinnati
A floresta em questão é a Reserva Natural Harris M. Benedict, onde aproximadamente um terço deste local foi danificado pelo tornado, que destruiu árvores e arrancou as copas de várias outras.
Os pesquisadores do trabalho fizeram um levantamento da vegetação da Reserva, e quantificaram o impacto e a recuperação dessa floresta temperada. Eles descobriram que as florestas têm a capacidade de se regenerar após uma grande perturbação, mas muitas vezes com menos espécies nativas e mais espécies invasoras não nativas.
Eles descobriram que o número de mudas de árvores, arbustos e trepadeiras aumentou dramaticamente após a passagem do tornado, mas começou a diminuir 10 anos depois. Espécies invasoras, como a madressilva, brotaram em grande número antes de diminuir. Mas os maiores destes arbustos continuam dominando o sub-bosque da floresta.
“Temos menos plantas ao longo do tempo, mas as que restam são enormes e produzem muitos frutos”, disse Theresa Culley, autora principal do estudo e professora da UC.
A planta invasora dominante após os estragos do fenômeno era a madressilva de Amur (Lonicera maackii), um arbusto chinês introduzido nos Estados Unidos como planta ornamental há mais de 200 anos, que logo se espalhou pela floresta. Já os arbustos e trepadeiras nativas, como a sarça verde, o viburno (Viburnum) e a erva-cidreira, desapareceram da floresta após o tornado.
Os pesquisadores também encontraram grandes áreas de pereiras Callery (Pyrus calleryana), uma árvore nativa da China e do Vietnã, introduzida pela horticultura, e que se espalhou pela região. Hoje, Ohio proíbe a venda dessa pereira.
“Essa descoberta traz uma luz sobre como grandes perturbações podem ter consequências duradouras e inesperadas para a biodiversidade”, disse Culley. E ainda, segundo ela, o aquecimento do clima está criando tempestades mais frequentes e prejudiciais. Suas descobertas poderiam ajudar os silvicultores e gestores de conservação a compreender as vulnerabilidades das florestas após uma perturbação.
Segundo o estudo, a floresta da Reserva tem a capacidade de começar a se recuperar do tornado, mas a sua composição futura pode ser diferente da sua inicial, devido às espécies invasoras, à perda de freixos e aos impactos antropogênicos dentro da paisagem urbana.
Referência da notícia:
Culley, T. M.; Bécus, M. S.; Cameron, G. N. Long-term effects of a tornado: Impacts on woody native vegetation and invasive Amur honeysuckle (Lonicera maackii) in an urban forest. Ecology and Evolution, v. 14, n. 3, 2024.