Um asteroide potencialmente perigoso para a Terra pode ter sido originado no lado mais escuro da Lua
O asteroide Kamo'oalewa pode ter tido origem na cratera lunar Giordano Bruno, uma cratera jovem com um diâmetro de 22 km e uma idade estimada entre 1 e 10 milhões de anos. Saiba mais aqui!
Entre os muitos asteroides próximos da Terra, o asteroide 469219 Kamo'oalewa destaca-se não só pela sua órbita invulgar, mas também pela sua provável origem lunar. Este corpo celeste, que será o alvo da missão de amostragem de asteroides Tianwen-2 da China, oferece uma oportunidade única para estudar os restos de um impacto lunar que pode ter ocorrido há alguns milhões de anos.
Características do asteroide KAMO'OALEWA e da sua órbita
O asteroide Kamo'oalewa apresenta características espectroscópicas semelhantes às dos silicatos lunares alterados pelo espaço, sugerindo que pode ser um fragmento ejetado de um impacto na Lua, em vez de um corpo asteroide típico.
Esta descoberta não só altera a nossa compreensão das origens dos asteroides próximos da Terra, como também levanta questões fascinantes sobre os processos geológicos e dinâmicos no nosso Sistema Solar próximo.
A principal hipótese é que Kamo'oalewa provém da cratera lunar Giordano Bruno, uma cratera jovem com um diâmetro de 22 km e uma idade estimada entre 1 e 10 milhões de anos. Essa cratera é conhecida pelas suas características proeminentes, tais como paredes íngremes, que são indicativas de um impacto relativamente recente e poderoso.
Imaginemos que ocorre um grande evento de impacto na Lua, semelhante a quando uma pedra bate em um vidro e o estilhaça. Neste caso, um objeto do espaço, como um asteroide, atinge a Lua com força suficiente para lançar pedaços da Lua para o espaço.
Alguns destes fragmentos, devido à intensidade do impacto, ganham velocidade suficiente para escapar ao campo gravitacional da Lua e entrar no espaço que rodeia a Terra.
Kamo'oalewa é um exemplo de um asteroide que está em ressonância com a Terra
Quando estes fragmentos estão no espaço, alguns podem seguir trajetórias que os levam a órbitas em torno do Sol, semelhantes à órbita da Terra. Este tipo de órbita é conhecido como órbita heliocêntrica. O que é interessante é que alguns destes fragmentos podem acabar por se mover em uma órbita que está sincronizada com a órbita da Terra, um fenômeno conhecido como “ressonância 1:1”.
Isso significa que o fragmento orbita o Sol mais ou menos ao mesmo tempo que a Terra, mantendo uma relação constante com o nosso planeta. Kamo'oalewa é um exemplo de um asteroide que está em tal ressonância com a Terra.
Além disso, este processo sugere que outros fragmentos semelhantes podem estar escondidos entre a população de asteróides próximos da Terra, proporcionando uma nova abordagem para compreender a distribuição e a dinâmica destes objetos na nossa vizinhança cósmica.
Referência da notícia:
Jiao Y., Cheng B., Huang Y., et al. Asteroid Kamo‘oalewa’s journey from the lunar Giordano Bruno crater to Earth 1:1 resonance. Nature Astronomy (2024).