Um novo perigo no ar? Saiba sobre a gripe aviária (H5N1)

A gripe aviária provocada pelo vírus influenza H5N1 vem preocupando especialistas e cientistas, especialmente após a morte de milhares de mamíferos em diferentes partes do mundo. Apesar de não haver transmissão humano-humano documentada até o presente momento, e incertezas sobre os riscos de uma próxima pandemia, medidas devem ser tomadas neste momento para evitar esses riscos.

gripe aviária
Milhares de animais, inclusive mamíferos, morreram por conta do vírus influenza H5N1, causador da gripe aviária, o qual preocupa os cientistas.

Recentemente, a gripe aviária ganhou diversas manchetes em jornais do mundo em decorrência da morte de animais, seja diretamente pela infecção do vírus, seja por medidas sanitárias em virtude da detecção do vírus em criadouros.

Já tivemos casos de gripe aviária em animais, especialmente em aves, em outros momentos, mas o cenário atual tem preocupado os pesquisadores por algumas particularidades.

Surtos recentes

Em janeiro deste ano, o relatório do Eurosurveillance registrou um surto de gripe aviária (influenza A/H5N1) de alta patogenicidade (HPAI), em um criadouro de visons, no noroeste da Espanha, em Outubro de 2022. Nesse surto, a taxa de mortalidade nos visons chegou em 4,3% e, nas semanas anteriores à identificação desse surto, diferentes casos de HPAI H5N1 foram registrados em aves selvagens encontradas doentes ou mortas.

É bastante plausível considerar que as aves desempenharam um papel importante na transmissão para os visons, e depois entre visons, no criadouro.

Modificações importantes

O vírus da gripe aviária H5N1 que atualmente está circulando - e causando preocupações - apresenta algumas modificações importantes em seu material genético. Esse vírus pertence ao clado 2.3.4.4b, conforme descrito na matéria da BBC, apresentando uma mutação incomum (T271A) no gene PB2.

" O "clado" citado pela especialista é um termo que se aproxima do significado de grupos ou variantes, que ficaram muito conhecidas por causa do coronavírus e suas linhagens, como a ômicron, a gama e a delta" - Matéria da BBC

Algumas mutações nesse gene já se mostraram ter um papel fundamental na aquisição de uma outra mutação que confere o reconhecimento do receptor humano, segundo o Eurosurveillance. Ainda, vocês devem lembrar da pandemia de vírus influenza H1N1 em 2009, a gripe suína. Nesse vírus pandêmico, a mesma mutação (T271A) estava presentve.

Deixando alertas pelo mundo

Em Fevereiro desse ano, no Camboja, doze pessoas foram confirmadas com p H5N1 HPAI na província de Prey Veng. Casos esporádicos de contaminação em pessoas podem ser vistos, atualmente, a partir de contato direto com animais infectados (como aves, por exemplo) e seus fluidos ou superfícies contaminadas. Ainda não foi detectada transmissão humano-humano desse vírus.

No entanto, um número considerável de diferentes mamíferos infectados pelo H5N1 está sendo registrado em diferentes partes do mundo.

O contato com fezes ou fluidos de aves infectadas, por exemplo, pode expor diferentes animais a esse vírus.

A partir de exposições constantes e/ou frequentes, o risco de novas adaptações que facilitem a infecção desse vírus nessas espécies aumenta, trazendo riscos para outras espécies, como a nossa.

Há risco para humanos neste momento?

Até o momento, a transmissão humano-humano ainda não foi identificada. Segundo pesquisadores, os casos em humanos no Camboja "provavelmente foram causado por linhagens endêmicas que circularam no Camboja por anos, e não pelo tipo vírus que têm aparecido nos noticiários por causar infecções em mamíferos recentemente".

Ainda, especialistas comentam que essas mudanças no material genético do vírus observadas atualmente já foram detectadas em eventos de spillover para humanos no passado, e elas "não resultaram em transmissão humana-para-humana sustentada".

O spillover ou transbordamento pode ser entendido como um "pulo" que um agente infeccioso pode fazer de uma espécie para a outra, trazendo riscos para a circulação desse agente em uma nova espécie.

No entanto, cada vez que o vírus infecta novos hospedeiros mamíferos, por exemplo, mais adaptações pode adquirir, e ficar mais próximo de se modificar a ponto de ser capaz de se transmitir entre a nossa espécie. O número surpreendente de animais selvagens infectados, incluindo aves e mamíferos, é um motivo de preocupação e de demonstração do quão longe esse vírus conseguiu chegar.

Não sabemos o quão longe ou perto estamos de uma próxima pandemia, especialmente uma pandemia de H5N1. Mas, segundo a matéria da BBC, "há uma incerteza, mas nunca estivemos tão próximos de um cenário desses. E uma pandemia de H5N1 seria uma tragédia". O desenvolvimento de novas vacinas contra esse vírus, medicamentos antivirais e um monitoramento cada vez mais assertivo é crítico para evitar cenários como este.

O que posso fazer nesse momento?

É importante reforçar alguns cuidados quando se está próximo de animais selvagens ou aves domésticas. Não tocar, não chegar perto de aves mortas, independente de onde ela estiver, é crítico. O encaminhamento adequado é notificar as autoridades locais, para fazer a remoção com posterior análise do corpo, segundo a matéria da BBC. Ainda, a higienização das mãos e cuidar com sintomas respiratórios faz parte de uma boa etiqueta higiênica e respiratória.

Para fazendas e criadouros, a biossegurança deve ser reforçada, tendo cuidado em manter os animais longe de pássaros selvagens, por exemplo. Trabalhadores que têm contato direto com esses animais devem usar máscaras, e as fazendas, ter medidas para prevenir possíveis introduções do H5N1.