Vapes são piores que cigarros? Estudo aponta níveis alarmantes de nicotina
Um estudo revelou que a nicotina do cigarro eletrônico, conhecido popularmente como vape, tem carga seis vezes maior do que fumar 20 cigarros por dia. Veja aqui os detalhes.
Os cigarros eletrônicos, chamados popularmente de ‘vape’, ganharam vários adeptos que acreditam que esses dispositivos sejam uma alternativa mais segura aos cigarros convencionais, além do que possuem sabores atrativos. Porém, não é bem assim…
Vários estudos já estão mostrando os malefícios do uso desse dispositivo. E agora, um levantamento realizado pelo Instituto Coração do Hospital das Clínicas (InCor), pela Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo e pelo Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que os usuários de vapes apresentam até 6 vezes mais nicotina no sangue do que aqueles que usam cigarros convencionais diariamente há muito tempo.
Essa descoberta serve como um alerta para os usuários, já que a quantidade excessiva de nicotina pode levar à dependência rápida e a sérios problemas de saúde.
Vape pode ser mais prejudicial do que o cigarro comum
O estudo, que é inédito no país, mapeou os hábitos e as consequências à saúde do uso de cigarros eletrônicos. Para isso, os pesquisadores realizaram um experimento com 417 pessoas fumantes de cigarro eletrônico, e mediram a dosagem de nicotina na saliva delas durante um período de tempo.
Os resultados mostraram que os níveis de nicotina chegaram a ser seis vezes maiores nos fumantes de vape do que naqueles que fumavam 20 cigarros por dia. Ou seja, dá para dizer que os cigarros eletrônicos causam uma dependência química muito maior.
Isso trouxe um alerta, já que maiores níveis de nicotina circulante no sangue estão associados a um risco elevado de dependência química.
Segundo o médico pediatra João Paulo Lotufo, “os sais de nicotina presentes no cigarro eletrônico inflamam o pulmão com muita facilidade, então nós estamos criando uma geração de jovens dependentes de nicotina e causando problema respiratório mais cedo do que o cigarro tradicional”.
Outros dados relevantes da pesquisa
Cerca de 20% dos participantes da pesquisa declararam ter alguma doença clínica, sendo asma, alergia e hipertensão as mais frequentes. Quando comparados com a população não fumante da mesma faixa etária, os usuários de vape apresentaram uma prevalência maior de asma, possivelmente relacionado ao uso desses dispositivos.
Em relação à saúde mental, a dependência do cigarro eletrônico foi associada a um aumento nos níveis de ansiedade, especialmente entre aqueles que já possuíam problemas de saúde mental.
Segundo a médica Jaqueline Scholz, coordenadora da pesquisa e diretora Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor, a ação da nicotina no cérebro causa uma sensação de bem-estar momentâneo, então a sua ausência aumenta a sensação de ansiedade, tornando o consumo [de vapes] ainda mais intenso, e dificultando o abandono do vício.
Por fim, o estudo destaca a urgência de se aumentar a conscientização sobre os riscos do cigarro eletrônico, especialmente entre os jovens. E que são necessárias políticas públicas eficazes e campanhas educativas para proteger a saúde dos jovens e combater o uso indiscriminado dos cigarros eletrônicos.
Referências da notícia:
“Vape pode elevar nicotina no sangue até 6 vezes mais que cigarro comum”. 26 de novembro, 2024. Maurício Brumm.
“Nicotina do cigarro eletrônico tem carga seis vezes maior do que fumar 20 cigarros por dia”. 02 de dezembro, 2024. Jornal da USP.
"InCor divulga pesquisa inédita sobre cigarros eletrônicos”. 29 de novembro, 2024. InCor/HCFMUSP.