“Vestígios” da extinção dos dinossauros são encontrados em genes de pássaros atuais

Pesquisadores investigaram como os pássaros da atualidade evoluíram a partir de seus ancestrais, os dinossauros com penas. Eles encontraram 'vestígios' da extinção dos dinossauros nos genes de tais aves.

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Há cerca de 66 milhões de anos, um asteroide se chocou com a Terra desencadeando um evento de extinção em massa.

Há cerca de 66 milhões de anos, no final do período Cretáceo, um asteroide se chocou com a Terra desencadeando um evento de extinção em massa, mudando o curso da vida na Terra. Tal evento resultou na extinção de quase todos os animais com peso acima de 25 quilos, incluindo todos os dinossauros que não evoluíram para as aves da atualidade.

A extinção em massa do Cretáceo exterminou cerca de 76% de toda a vida animal na Terra.

Pouco depois do impacto, os primeiros ancestrais dos pássaros atuais emergiram. Os dinossauros aviários evoluíram para as espécies de pássaros que temos atualmente.

E agora, em um estudo recente publicado na revista Science Advances, pesquisadores identificaram “fósseis genômicos” nos genomas desses pássaros, que são indicadores de passos críticos em sua evolução. A extinção em massa no final da “Era dos Dinossauros” impulsionou uma rápida evolução genética destas aves.

Mudanças significativas nos genomas das aves

O estudo investigou como cerca de 10 mil espécies de pássaros da atualidade evoluíram a partir de seus ancestrais, os dinossauros com penas. Os autores usaram um software recém-desenvolvido para analisar as diferenças no genoma entre todos os principais grupos de pássaros.

Foram identificadas mudanças significativas na composição dos genomas dos pássaros causadas pelo evento de extinção em massa, que permitiu que as aves se diversificassem, tornando-se a classe de animais extremamente bem-sucedida e variada de hoje. Essas mudanças ocorreram aproximadamente 3 a 5 milhões de anos após o evento de extinção do Cretáceo.

Jacob Berv, ornitólogo da Universidade de Michigan e autor principal do estudo, comentou: “Ao estudar o DNA de pássaros vivos, podemos tentar detectar padrões de sequências genéticas que mudaram logo após um dos eventos mais importantes da história da Terra".

A assinatura desses eventos parece ter sido impressa nos genomas dos sobreviventes de uma forma que podemos detectar dezenas de milhões de anos depois - Jacob Berv, da Universidade de Michigan e autor principal do estudo.

As mudanças estavam relacionadas especificamente com o tamanho do pássaro adulto, seu metabolismo e como eles se desenvolveram como filhotes. Os animais desenvolveram corpos menores do que os dinossauros aviários quando adultos, e muitas espécies passaram a ser altriciais, o que significa que os filhotes nascem imaturos e dependem dos pais para alimentação e cuidado por semanas.

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Representação do Anchiornis, uma espécie de dinossauro aviário (com penas) do período Jurássico Superior.

Berv destaca que o tamanho do corpo adulto e os padrões de desenvolvimento pré-nascimento são características importantes da biologia das aves que podem ser ligadas às mudanças genéticas detectadas.

Daniel Field, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, destacou que “eventos de extinção em massa podem afetar dramaticamente a biodiversidade, a ecologia e a forma dos organismos”. E acrescentou que “o estudo enfatiza que esses eventos podem influenciar profundamente a biologia dos organismos ao alterar aspectos importantes de como os genomas evoluem”.

Referência da notícia:

Berv, J. S. et al. Genome and life-history evolution link bird diversification to the end-Cretaceous mass extinction. Science Advances, v. 10, n. 31, 2024.