Voluntários encontram novos padrões nas nuvens de Marte
Um projeto de ciência cidadã está avançando na classificação e mapeamento das nuvens de Marte e convida voluntários de todo o mundo para se juntarem à tarefa.
A pesquisa de Marte não para. Estudar a formação e o ciclo das nuvens é essencial para a compreensão da atmosfera e do clima marciano.
Esta semana, o projeto de ciência cidadã Cloudspotting on Mars publicou as últimas descobertas da exploração das nuvens do planeta vermelho, numa edição especial da Ícaro.
O mapeamento apresenta a distribuição espacial e sazonal das nuvens na atmosfera média durante um ano marciano. Assim, localiza as regiões e períodos onde muitas nuvens são identificadas, que incluem nuvens de gelo de dióxido de carbono de alta altitude, nuvens próximas aos pólos e nuvens de gelo na estação “empoeirada”.
Embora as nuvens da Terra sejam feitas de água líquida, as temperaturas frias e as baixas pressões de Marte permitem a formação de nuvens de água gelada e dióxido de carbono. Lá, essas nuvens geladas podem se formar na “mesosfera”, acima de 50 km, e por isso são chamadas de “nuvens mesosféricas”.
Segundo o artigo, a estrutura das nuvens responde às flutuações de temperatura em escala global, chamadas “marés térmicas”, e o padrão indicaria que onde as temperaturas são inferiores à média, as nuvens são mais comuns.
O mapeamento é feito com base em observações feitas pelo Mars Climate Sounder (MCS), instrumento que olha o horizonte do planeta nos canais infravermelho e visível, para medir a temperatura, a umidade e o teor de poeira da atmosfera marciana em intervalos de 5 quilômetros. O MCS é um dos instrumentos da Mars Reconnaissance Orbiter (MRO).
Os cientistas usam estas medições para compreender como a atmosfera marciana circula e varia ao longo do tempo. As medições também ajudarão a explicar como as calotas polares marcianas respondem à atmosfera e à energia do Sol.
É um fã de nuvens? Saiba como participar!
No Cloudspotting on Mars, a análise de imagens e o mapeamento de nuvens são realizados por voluntários de todo o mundo e a chamada está aberta a quem quiser ajudar. Já conta com 9.460 voluntários, que realizaram mais de 390 mil classificações.
O projeto procura compreender o que faz com que a atmosfera marciana esfrie o suficiente para que o dióxido de carbono congele; e como as nuvens mudam do dia para a noite, entre as diferentes estações, ou em alguns anos mais do que em outros.
Ainda há muito o que estudar. “Esperamos que você e outros cientistas cidadãos nos ajudem a encontrar nuvens (…) Com um ano marciano completo, podemos determinar como as nuvens mesosféricas mudam durante as diferentes estações em Marte e comparar em quais canais espectrais elas são observadas para ter uma ideia de quais tipos de nuvens se formam em momentos diferentes”, afirma o projeto.
A iniciativa funciona na plataforma colaborativa Zooniverse, onde os voluntários podem acessar tutoriais que os orientarão na análise, detecção e interação com as imagens do MCS. Ela pode ser acessada aqui.
"Obrigado a todos os participantes do Cloudspotting on Mars por conduzirem esta pesquisa", disse o investigador principal do projeto, Dr. Marek Slipski, cientista do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA.