Panorama climático de 2017
O ano de 2017 está entre os três anos mais quentes já registrados e foi marcado por recordes climáticos e eventos extremos, como branqueamentos de corais extensos e aumento do nível médio do mar.
Todos os anos, centenas de cientistas se encontram para elaborar um panorama climático do ano anterior. Nessas reuniões, informações provenientes de diferentes estudos e institutos ao redor do mundo são analisadas para a elaboração de um relatório. O Relatório do Estado do Clima de 2017 (do inglês, "State of Climate in 2017") foi publicado no início deste mês e traz informações importantes sobre eventos extremos e indicadores climáticos de 2017.
Eventos Extremos
Um dos destaques do relatório é o furacão Maria, 10º mais intenso nos registros do Atlântico, que deixou 2/3 da população de Porto Rico sem energia e quase 1/3 sem água potável. No total foram mais de U$90 bilhões de prejuízo e mais de 64 mortes registradas.
Outro destaque é o evento de braqueamento de corais sem precedentes que já dura três anos (2014-2017). Os cientistas acreditam que, além do contínuo estresse devido ao aquecimento das águas, a situação foi agravada pelo evento de El-Niño em 2016. Ao todo, mais de 75% dos recifes de corais tropicais sofreram algum tipo de dano decorrente do processo de branqueamento e em cerca de 30% dos recifes já foi registrado morte dos corais.
Na América do Sul, 2017 foi o ano mais quente registrado na Argentina e Uruguai, com temperaturas que chegaram a 43,5°C em Puerto Madryn (Argentina). O Norte e Nordeste do Brasile Bolívia tambémsão citados pela contínua condição seca. Segundo dados o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE)o número de queimadas na região da Amazônia foi o maior registrado desde 1999, chegando a 986 mil hectares.
Balanço Climático
Em relação à temperatura de superficial da Terra, 2017 está entre os três anos mais quentes registrados, junto com 2015 e 2016 (o mais quente). A temperatura superficial média ficou entre 0,38° e 0,48°C acima da média climatológica (1981-2010). Nos registros instrumentais, 2017 é o ano mais quente sem evento de El-Niño, fato relevante, uma vez que anos com El-Niño tender a apresentar maiores temperaturas. Em um panorama geral, os 10 anos mais quentes já registrados ocorreram após 1998, sendo os quatro anos mais quente registrados após 2014.
Uma das consequências alarmantes do aquecimento global citado é seu efeito em latitudes médias e polares do Hemisfério Norte. A perda de gelo em regiões montanhosas também foi um dos destaques do relatório, assim com o aumento do nível médio do mar. Em 2017 o nível médio do mar atingiu seu maior valor nos registros de satélites, chegando a 77 mm acima da média global de 1993. Apesar deste aumento não ser constante ao longo dos anos, a curva de aumento do nível médio do mar pode ser explicada por expansão térmica e pela adição de água proveniente de gelo continental derretido, ambos associados ao aumento de temperatura.