Por que devemos nos preocupar com o metano?
O metano é um gás do efeito estufa e o aumento de sua emissão agrava o aquecimento global. Porém as consequência de maiores emissões podem ser muito mais graves e irreversíveis para nosso planeta. Entenda quais são os maiores desafios da comunidade científica quando o assunto é metano.
O metano pode ser considerado um dos grandes vilões do aquecimento global, já que suas moléculas retêm 25 vezes mais calor do que as de gás carbônico. A contínua evolução no conhecimento sobre o comportamento desse gás e a dificuldade na medição das emissões pelos oceanos pode significar uma drástica subestimativa nas emissões globais desse gás-chave no efeito estufa.
A agência FAPESP, em uma reportagem recente, listou os desafios no estudo do ciclo do metano e as consequências de uma maior emissão do gás na atmosfera. O tópico é tão estratégico nos estudos de mudanças climáticas que motivou um encontro internacional em Ilhabela (SP) e Piracibaca (SP) em outubro deste ano. Além de palestrantes brasileiros e estrangeiros, participaram do evento 73 alunos de pós-graduação e pesquisadores de pós-doutorado de 13 países além do Brasil.
Um dos maiores desafios é entender o metabolismo dos organismos que produzem metano na natureza. Segundo a Prof. Vivian Pellizari, do Instituto Oceanográfico da USP, "novos grupos desses microrganismos têm sido descritos nos últimos anos e ainda precisam ser mais bem compreendidos” [em Agência FAPESP]. O metano produzido no solo não chegará à atmosfera se houver uma atividade biológica que o consuma e por isso esses microrganismos tem um papel tão importante nas emissões desse gás. Porém, ainda existe questões abertas quanto aos processos biológico e químicos associada a geração (metanogênese) e consumo de metano (metanotrofia).
No Brasil, a criação de gado está na listada como uma das maiores responsáveis pela emissão de metano. O gado emite o gás pelo processo de digestão e mudanças no uso do solo podem desequilibrar a proporção entre o que é liberado na atmosfera e o que é consumido pelos organismos. Áreas alagadas na Amazônia e no Pantanal também desempenham um papel importante nas emissões pelo acumulo de matéria orgânica em decomposição.
Mais metano, e daí?
Uma maior emissão de metano pode ir além de uma intensificação do aquecimento global. Isso porque existem depósitos de metano no subsolo marinho e abaixo do gelo continental em algumas regiões do Ártico e Antártica. Esse metano depositado está encapsulado na forma de hidrato de de clatrato e fica estável apenas sob baixas temperaturas.
O aumento de temperatura global e o consequente derretimento de gelo polares tem promovido mudanças que podem ocasionar a exposição desse hidrato de gás o que liberaria ainda mais metano na atmosfera. Além disso, o hidrato de gás é altamente inflamável e, apesar de ser considerado um possível combustível para o futuro, sua liberação em grandes quantidades está relacionada aos eventos de extinção em massa na Terra que ocorreram há cerca de 250 e 55 milhões de anos na Terra.