Até quando podem ir as chuvas irregulares no Rio Grande do Sul?

A estiagem no Rio Grande do Sul está colocando dezenas de municípios em estado de emergência, trazendo problemas de abastecimento de água e prejuízos para a agricultura e a pecuária. Afinal, quando essa situação vai mudar?

Previsão: Quando acaba a estiagem no Rio Grande do Sul?
A estiagem no Rio Grande do Sul colocou dezenas de municípios em estado de emergência. Previsões indicam que a situação pode melhorar em fevereiro.

A estiagem que está assolando o Rio Grande do Sul já levou 44 municípios a decretarem situação de emergência, e mais devem integrar a lista ao longo dos próximos dias. Agricultores e pecuaristas do Estado estão sofrendo prejuízos gigantescos e há cidades com problemas no abastecimento de água.

A barragem Santa Bárbara, que abastece 60% da cidade de Pelotas, começou a recuar pela escassez de chuvas. Em dezembro houve apenas 6 mm de chuva na barragem, sendo que a média é de 85 mm, e o reservatório já está está 1,5 metro abaixo do nível normal. O Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (SANEP) está precisando auxiliar inúmeras famílias com um caminhão pipa, e a prefeitura já avalia restringir a utilização de água na cidade.

No município de Arroio Grande, os prejuízos nas lavouras de soja, milho e pecuária já chegam a 70 milhões de reais. Perdas ultrapassam os 50% em lavouras de feijão. O município de Cerrito já está com 80% de perda da safra. Em Canguçu, a safra de milho precoce foi completamente perdida, e a de soja está próxima de chegar à mesma situação. O tabaco também registrou perdas significativas.

Afinal, até quando vai a estiagem? As chuvas vão retornar?

A pergunta que fica agora é: Quando será que a situação vai melhorar? Será que as chuvas retornarão a tempo de contornar parte dos danos? O que as previsões meteorológicas mais recentes sugerem?

No mês de Janeiro, infelizmente, não são esperadas grandes melhorias na situação do Rio Grande do Sul. As previsões indicam que a chuva vai se concentrar mais ao norte, trazendo bons acumulados para o Sudeste e até mesmo para o Paraná e Santa Catarina. Ainda assim, os acumulados no Rio Grande do Sul permanecerão baixos.

Previsão de anomalia de chuva para Janeiro indica que o mês vai fechar com acumulados de chuva abaixo do normal no Rio Grande do Sul.

As previsões de longo prazo do modelo europeu ECMWF indicam que, na última semana de Janeiro, algumas pancadas de chuva vão se formar sobre o Estado, aliviando brevemente a estiagem, mas ainda sem trazer acumulados de chuva muito significativos.

A situação começa a melhorar, no entanto, em Fevereiro: Entre a primeira e a segunda semana do mês, chuvas mais significativas voltarão a se formar na região. Não estamos falando de acumulados gigantescos, mas o suficiente para ajudar a controlar o déficit hídrico.

Previsão de anomalia de chuva para Fevereiro indica uma tendência de que as chuvas retornem e os acumulados fiquem acima da média no Rio Grande do Sul.

Estas chuvas que ocorrem entre o final de Janeiro e a primeira metade de Fevereiro podem salvar parte da safra e aliviar a a grave situação do abastecimento de água no Rio Grande do Sul.

Ainda assim, a situação de longo prazo nas lavouras não deve melhorar, nem para as safras tardias: Embora as chuvas retornem brevemente no período mencionado, tudo indica que elas não permanecerão por muito tempo.

As previsões de longo prazo do modelo europeu ECMWF sugerem que as chuvas reduzirão novamente em Março, que volta a ser um mês seco no Estado com possibilidade de novas estiagens potencialmente prolongadas.

Previsão de anomalia de chuva para Março indica uma tendência de que as chuvas voltem para patamares abaixo da média no Rio Grande do Sul, com possibilidade de estiagem.

O déficit hídrico pode, portanto, perdurar ao longo dos meses seguintes. Não há expectativa de melhora significativa até Junho de 2023, e as prefeituras locais devem se preparar para lidar com problemas de abastecimento de longo prazo.

A virada real só deve acontecer na segunda metade de 2023. As previsões indicam a formação e fortalecimento de um El Niño, cujos efeitos principais beneficiam a formação de chuvas intensas e frequentes na região sul, além de trazer temperaturas elevadas para a região.

Vale mencionar que previsões de longo prazo, no entanto, possuem acurácia e resolução espacial reduzidas. Isso significa que é possível traçar comportamentos gerais para o país, mas variações locais de pequena escala não são captadas de maneira eficiente. Por isso, não deixe de acompanhar as atualizações da previsão para sua cidade aqui no site da Meteored | Tempo.com.