Além do Sul, ar quente também chega ao Centro-Oeste e Sudeste
Uma excepcional e pouco comum onda de calor irá atingir o cone sul da América do Sul, com máximas passando facilmente dos 40°C em parte da Região Sul. No entanto, nos dias seguintes chega às regiões Centro-Oeste e Sudeste.
Muito já se tem falado sobre a onda de calor excepcional desta semana em parte da Região Sul e principalmente na Argentina, no Paraguai e no Uruguai. Os modelos têm variando quanto à intensidade, com algumas simulações projetando máximas de 50°C no Rio Grande do Sul.
No entanto, com a aproximação do evento este valor já diminuiu bastante, mas, mesmo assim, não arrefeceu a ponto de não se tratar de um evento incomum e menos intenso que o anterior na virada de ano. Ainda espera-se registros recordes de temperatura nesta semana. Além da Região Sul, a intensa massa de ar quente também atuará em parte do Centro-Oeste e do Sudeste. Em resumo, todo o centro-sul registrará muito calor, porém em momentos diferentes.
A visão do modelo ECMWF
A projeção do modelo ECMWF mostra um aumento das temperaturas a partir desta segunda-feira (10) na metade sul e oeste do Rio Grande do Sul, no extremo oeste dos estados do Paraná e de Santa Catarina e no sudoeste e oeste do Mato Grosso do Sul. As máximas atingem valores de até 34°C.
Já a partir da terça-feira (11) se inicia o ganho térmico mais intenso. O calor ganha intensidade e já se prevê máximas acima dos 34°C. No dia seguinte, o limite máximo passa a ser 40ºC, com temperaturas acima dos 30°C espalhando por todo o território gaúcho. Com esse aumento gradativo, é na sexta-feira (14) que se espera o dia mais quente desta semana e o registro de recordes. Em boa parte do Rio Grande do Sul, as máximas variam entre 36°C e 42°C, sendo no extremo oeste podendo superar os 42°C.
Além do Rio Grande do Sul, o sudoeste do Mato Grosso do Sul e o oeste de Santa Catarina e do Paraná podem registrar as maiores temperaturas na quinta-feira (13) em torno de 32°C e 36°C.
A partir do fim de semana, o calor se espalha por boa parte do país, obviamente, não na mesma intensidade do que se espera para o Rio Grande do Sul, mas já se trata de um ganho térmico considerável, principalmente nos estados do Mato Grosso do Sul, de São Paulo, do Paraná e de Santa Catarina.
Já no início da próxima semana, o modelo ECMWF indica máximas de 34°C a 38°C, com maiores patamares sendo esperados para o centro-sul e oeste do Mato Grosso do Sul, para o oeste paulista e noroeste paranaense.
A Oscilação Antártica (AAO) como principal fator
Muitos devem se perguntar, como um período sob influência do fenômeno La Niña há a ocorrência de ondas de calor tão intensas. Primeiramente, precisa-se ter em mente que tanto o La Niña quanto o El Niño influencia no padrão médio de médio e a longo prazo, ou seja, a média mensal e trimestral das variáveis meteorológicas seguem uma distribuição referente a esses fenômenos, sem a necessidade de se observar o mesmo padrão diariamente.
O comportamento de curto prazo é modulado por fatores climáticos como a AAO, que possui uma variação diária e por ser mais “volátil” sua previsibilidade não é muito estendida, com maior confiabilidade para 7 dias. Assim, ao se observar o comportamento acima desta variável, é notável a tendência positiva para este período. Esse comportamento é o responsável por dificultar o avanço de novos sistemas transientes (frentes frias, baixas pressões…) o que proporciona uma maior probabilidade de um período mais seco e quente no centro-sul, justamente o que será observado.