Alertas para o agronegócio: primeira ZCAS do ano vai aumentar umidade nas lavouras. Confira todos os impactos.

Com a formação da primeira ZCAS do ano de 2024, volume de chuva pode ser superior aos 150 milímetros nos próximos dias. Lavouras receberão bastante umidade no Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste

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Produtor rural pode comemorar retorno das chuvas volumosas, mas precisa ficar atento ao ataque de pragas e doenças relacionadas a maior umidade nas plantas.

A primavera de 2023 foi marcada pelas chuvas irregulares no Brasil Central e no MATOPIBA, algo que gerou atrasos na semeadura de muitas culturas, além de perdas na produtividade da safra atual. A soja e o milho primeiro safra ficaram bastante comprometidos comparados à safra anterior. Com o El Niño mais intenso nos últimos meses, faltou água e muitos produtores lançaram as sementes em solo ainda seco.

A esperança é que a chuva aumente nesse começo de janeiro para que o desenvolvimento melhore. Muitas lavouras passaram pelo replantio e outras morreram a espera de uma chuva que não chegou na primavera.

Segundo o último boletim informativo da CONAB, a colheita da soja já começou nas primeiras áreas semeadas em Mato Grosso, inclusive apresentando ritmo superior ao registrado nos últimos anos devido à antecipação do ciclo da cultura. Meses atrás foi permitido que a janela de plantio fosse adiantada no Brasil Central, mas isso gerou muitos debates por questões de clima irregular e falta de chuva. Muitos produtores que arriscaram terminar o vazio sanitário antes enfrentaram a seca e o calor extremo, o que provocou o replantio em alguns talhões.

Com relação ao milho primeiro safra, a região mais afetada com a falta de chuva na primavera foi o MATOPIBA que continua bastante atrasado na semeadura. Segundo dados da CONAB, apresentados nesta última segunda-feira (01), o plantio chegou a 30% no Maranhão, 20% no Piauí e 76% na Bahia. Por ouro lado, o plantio do algodão tem avançado bem em algumas áreas produtoras. O estado baiano, maior produtor de algodão no Brasil, cerca de 72% da área foi semeada e está adiantado com relação a safra de 2022.

Primeira ZCAS do ano vai gerar reposição da umidade

Com a formação da primeira ZCAS do ano de 2024, a tendência é de grande reposição hídrica do solo nos próximos dias em importantes áreas produtoras que foram afetadas pela seca e pelo calor extremo recentemente. Aliás, com maior presença de nuvens e chuva, o calorão também vai perder intensidade entre Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte.

Tudo vai começar nesta semana com a formação de um ciclone subtropical, ou seja, que vai se formar já na altura do estado de São Paulo na quinta-feira (04). Este ciclone, que nada mais é que uma área de baixa pressão atmosférica vai dar origem a uma nova frente fria no final da semana, a qual vai canalizar a umidade da Amazônia até o Sudeste, ou seja, a chuva vai atravessar o país com forte intensidade e com acumulados expressivos.

A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) vai começar a chamar a atenção já na quinta-feira com a formação da frente fria, isso porque toda a umidade estará concentrada no centro-norte do país. Essa chuva mais intensa e mais organizada vai se espalhar entre o Amazonas, Acre, Rondônia, Pará, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Todos esses estados podem registrar volumes de precipitação entre 60 e 190 milímetros até o domingo (07).

Como o volume de chuva previsto é bastante elevado, não se descarta o potencial para transtornos em muitas cidades que podem registrar alagamentos e deslizamentos de terra. Por exemplo, cidades no norte de Minas que já foram duramente castigadas nessa virada do ano podem ser atingidas de novo nos próximos dias. O solo já está mais úmido em locais que estão com chuvas persistentes devido à última frente fria, então o risco para erosão é grande.

Apesar do risco de estragos e transtornos nas cidades, o alto volume de chuva relacionado à ZCAS é importante para o agronegócio, pois existe uma forte tendência de reposição da água no solo para o desenvolvimento de lavouras que enfrentaram a seca e calor excessivo no começo do ciclo. Apesar de algumas lavouras terem sido replantadas, a expectativa é boa com essa maior umidade em janeiro.

Como as lavouras serão atingidas pela ZCAS

Das principais commodities brasileiras no momento tem soja, milho primeira safra, feijão primeira safra, arroz e algodão sendo semeados e em fase de desenvolvimento. Quando se trata de ZCAS, dois lados precisam ser analisados no agronegócio.

É um período considerável com chuvas persistentes e intensas, algo que pode atrapalhar e até mesmo paralisar as atividades de campo, e conforme a umidade for aumentando a um nível de 10cm do solo, o maquinário pesado pode sofrer, ou seja, tratores podem ficar atolados e, isso prejudica o avanço da semeadura.

ZCAS
Até o próximo domingo (07) são esperados mais de 150 milímetros de chuva em áreas produtoras no centro-norte do país devido formação de ciclone subtropical seguido de ZCAS.

Em contrapartida tem o lado positivo e o qual os produtores rurais devem se apegar, a reposição hídrica a níveis mais profundos do solo, ou seja, umidade chegando na raiz das plantas para garantir um melhor desenvolvimento. Na Bahia essa chuva será fundamental nos próximos dias para propiciar condições para a germinação das lavouras semeadas no solo seco.

Não tinha mais como o produtor rural esperar para lançar as sementes, está tudo bem atrasado, mas agora há esperanças de germinação e desenvolvimento com a formação da ZCAS.

Com o retorno das precipitações de maneira mais regular e expressiva quanto aos volumes acumulados às chances de recuperação das lavouras são grandes, porém, o produtor rural não pode deixar os tratos culturais de lado. É importante fazer o acompanhamento diário das condições e previsões do tempo para que aconteça de forma eficiente os diversos tipos de aplicações de defensivos. A maior umidade no solo é fundamental para o desenvolvimento das lavouras, porém, a maior umidade presente nas plantas também pode gerar doenças como a ferrugem.