Até o fim de junho, muita chuva e mais uma intensa massa de ar polar
Nas duas próximas semanas de junho ainda há previsão de muita chuva e a incursão de massas de ar polar no Brasil, ou seja, um padrão semelhante ao que foi observado até então. Saiba os detalhes aqui.
O mês de junho vem sendo típico de inverno, com chuvas frequentes e massas de ar polar em parte do centro-sul, principalmente na Região Sul, quando se espera um período mais úmido e frio. Já para parte do Centro-Oeste e do Sudeste, apesar da precipitação mais irregular, a frequência com que ocorreu já proporcionou volumes acima do esperado para este mês.
As regiões Norte e Nordeste também têm registrado volumes acima da média, com destaque para o leste do Nordeste, onde é esperado aumento da precipitação nesta época do ano, mas, infelizmente, houve o registro de eventos históricos que resultaram em tragédia.
Até o fim do mês as condições tendem a serem semelhantes com um sistema frontal estacionário, a formação de um ciclone extratropical e sua frente fria associada, a incursão de um intensa massa de ar polar restritas ao centro-sul, além da continuidade das chuvas no leste nordestino.
Qual a razão dessa frequência de chuvas e frio? E o que os modelos estão prevendo?
Principais fatores climáticos: Oscilação Antártica e Atlântico Sul
Primeiramente, o fenômeno La Niña está atuando e influenciando, sim, o padrão climático, mesmo com as chuvas frequentes na Região Sul. A prova disso são as anomalias de precipitação positivas no centro-norte do país.
No entanto, as condições meteorológicas foram mais influenciadas pela temperatura do oceano do Atlântico Sul (SST) e pela Oscilação Antártica (AAO).
A combinação de uma AAO negativa com águas ligeiramente mais aquecidas próximas Região Sul, resultaram em uma condição mais chuvosa e fria, com o primeiro proporcionando uma maior frequência de sistemas transientes de precipitação (frentes frias, cavados, baixas pressões e ciclones) e de massa de ar polar, e o segundo contribuindo para mais energia para esses sistemas.
Para o Norte e Nordeste, as águas mais aquecidas da porção norte do Atlântico proporcionam, uma maior atuação da ZCIT e mais umidade para que os ventos de leste, comum no leste do Nordeste e mais intensos nesta época do ano, transportem para a costa, resultando em mais chuva.
O que tudo indica, tanto AAO e SST mantêm esse padrão favorável às chuvas e ao frio, com uma quebra desse padrão na transição do mês para o centro-sul do país. No entanto, qual o volume esperado e a intensidade do frio que são mostrados pela tendência dos modelos?
Elevado volume e atuação de ciclone extratropical próximo à costa
Neste início de semana um sistema frontal se forma e contribui para chuvas na Região Sul até o início do próximo fim de semana, com precipital mais intensas ocorrendo até a quinta-feira (23).
O sistema não consegue avançar muito e influencia o leste do Sudeste somente quando está mais afastado. Assim, a massa de ar polar na retaguarda do sistema não possui amplitude suficiente para influenciar muito além da Região Sul.
Por volta do próximo domingo (26), a tendência da previsão do modelo ECMWF mostra o processo de formação de um ciclone extratropical, que pode provocar chuvas volumosas, temporais e intensas rajadas de vento.
Para as regiões Norte e Nordeste, as chuvas continuam nos extremo norte e leste, com possibilidade de novos transtornos no leste nordestino, com acumulados até o fim do mês que podem superar os 100 mm.
Semana mais amena e intensa massa de ar polar no fim do mês
Devido ao sistema frontal estacionário desta semana, as massas de ar polar não conseguem avançar e o frio mais intenso fica restrito ao estado de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Já nos últimos dias de junho, a partir do dia 27, a tendência aponta mais para a atuação de uma intensa massa de ar polar com amplitude suficiente para levar o ar frio até a Região Norte. No entanto, está muito cedo para trazer alguma expectativa mais detalhada de geada, mas, como sempre, a probabilidade é alta para um evento mais abrangente e forte na Região Sul.