Atenção: Brasil Central pode receber as primeiras chuvas da primavera já na transição de setembro para outubro

Ainda é cedo para falar em regularização das chuvas, mas as primeiras pancadas podem trazer algum alívio para partes do Brasil Central na transição do mês. Veja o que esperar e quais áreas serão beneficiadas.

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Estação das flores vai começar neste domingo (22) e a expectativa aumenta com relação ao retorno das chuvas sobre o Brasil Central.

Com a aproximação da primavera, estação que começará no Hemisfério Sul no domingo, 22 de setembro, aumentam as expectativas sobre a mudança de padrão e o término desse clima muito seco Brasil a fora, mas será que somente a mudança entre estações será suficiente para trazer a chuva de volta?

Sistemas meteorológicos dependem de muitos fatores oceano-atmosféricos para que de fato se formem e principalmente avancem de forma mais abrangente pelo Brasil já que é um país tão grande e com climas regionais tão distintos.

A primavera vai começar no dia 22 de setembro, o que aumenta a expectativa quanto ao fim do período mais seco do ano. As primeiras pancadas de chuva sobre o Brasil Central podem ocorrer na transição entre setembro e outubro.

Existe previsão de chuva para esses últimos dias do inverno em áreas do centro-sul do Brasil, o que inclui partes do Centro-Oeste e do Sudeste. De modo geral, as pancadas serão rápidas, mal distribuídas e com baixo volume acumulado, porém, mesmo que não reverta o déficit hídrico, já será um pequeno alívio.

Chuva do fim de setembro

O mês de setembro já entra em sua reta final com pouca chuva sendo registrada pelo país, mas a boa notícia é que existe previsão para mudanças no tempo em partes do centro-sul devido a formação de duas frentes frias seguidas.

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Mapa mostra volume de chuva e até onde as pancadas podem chegar nos próximos dias, o que mostra um cenário ainda bastante irregular sobre o Brasil Central.

O mapa acima mostra até onde essas chuvas chegarão por enquanto, com projeção do modelo europeu ECMWF espalhando as pancadas de fim de inverno sobre o Sul, e partes do Sudeste e do Centro-Oeste.

A chuva ainda será muito irregular e insuficiente para melhorar o quadro de secas, visto que os volumes significativos tendem a ocorrer de forma pontual sobre o sul de São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul.

Na maior parte do Sudeste, mesmo que chova, o volume será inexpressivo, principalmente sobre Minas Gerais que vive uma das maiores secas já registradas. Goiás e Mato Grosso continuarão sem chuva por enquanto.

Primeiras chuvas da primavera no Brasil Central

Apesar da irregularidade prevista para o comecinho da primavera e das chuvas ainda não se espalharem na próxima semana marcando o fim de setembro, a projeção é de melhora no cenário na transição para o mês de outubro.

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Anomalia de precipitação projetada pelo modelo europeu com tendência de mudança de padrão na transição do mês de setembro para outubro. Fonte: ECMWF

O mapa acima mostra que existe uma tendência de mudança de padrão logo nos primeiros dias de outubro, em que as anomalias de precipitação deixam de ser negativas sobre o Brasil Central.

Isso mostra que há previsão para pancadas de chuva ente o Sudeste e o Centro-Oeste, pois as instabilidades tendem a avançar em direção a metade norte brasileira.

Sim, ainda é muito cedo para falar em instalação do período úmido no Brasil e que as chuvas se tornarão regulares e bem distribuídas, mas comparado aos meses anteriores, outubro já pode começar uma tendência mais animadora. Os modelos podem variar e a previsão pode mudar, mas existem fatores muito importantes que enriquecem essa projeção das primeiras chuvas.

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Gráfico mostra alterações de fases da Oscilação Madden-Julian (MJO), com tendência de melhora das chuvas sobre o centro-sul do Brasil no final de setembro. Fonte: Dacula Weather

Primeiro vamos falar da Oscilação Madden-Julian (MJO) que é o maior elemento da variabilidade intrasazonal (30–90 dias) na atmosfera tropical. O gráfico acima mostra que na transição do mês pode haver alterações de fases, o que tornará possível o avanço de instabilidades. Na fase 7 aumentam as chances de chuva no Sul e na fase 8 melhora o cenário para o Sudeste.

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Índice de Oscilação Antártica mostra fase negativa na reta final de setembro e chances para avanço de instabilidades pelo Brasil Central. Fonte: NOAA

Outro fator muito importante é a Oscilação Antártica (AAO) que quando está em fase negativa favorece o avanço de ciclones e frentes frias pelo centro-sul do Brasil. Isso quer dizer que nessa reta final de setembro existe um aumento de chances para sistemas que possam levar chuva até o Brasil Central.

Como já mencionado acima, é cedo para falar em regularização das chuvas da primavera e principalmente que serão chuvas já suficientes para reverter o quadro de secas pelo país, porém, é sim uma esperança de alívio e que a estação mais úmida do ano esteja começando aos poucos, lenta e atrasada, mas começando.