Atualização! Ar polar ganha força com chance de neve no Sul e também chega às regiões Sudeste e Centro-Oeste
Recentemente trazemos as primeiras impressões sobre o evento de frio mais intenso do ano. A última atualização do modelo ECMWF aumentou a intensidade do evento que pode chegar ao Sudeste e provocar neve na Região Sul.
Ultimamente anunciamos sobre a possibilidade do evento de frio mais intenso do ano, que ocorre na próxima semana a partir do 12 de junho. Pela intensidade do sistema pode-se tratar de uma massa de ar polar.
No entanto, o que chamou a atenção não foi somente a intensidade, mas a sua dificuldade em avançar pelo centro-sul do Brasil, ficando mais restrito ao Sul, oeste do Centro-Oeste e oeste da Região Norte, não atingindo com abrangência a Região Sudeste. Há uma explicação para esse comportamento e a apresentamos na última análise.
A novidade está na última atualização dos modelos ECMWF 46 dias e ECMWF 10 dias. O primeiro mostra um evento de frio mais intenso e que pode chegar à Região Sudeste. Já o segundo, através da combinação da previsão de chuva e das temperaturas no nível de 850 hPa (1.500 metros de altura), traz a possibilidade de neve ou de outra precipitação invernal na Região Sul.
Vale ressaltar que esses cenários ainda correspondem a uma tendência e estão sujeitas a mudanças na intensidade da massa de ar polar, bem como no posicionamento dos sistemas de precipitação, que combinado podem alterar a possibilidade dos eventos de precipitação invernal.
Dito isso, vamos ver o que os modelos estão prevendo, qual a razão da mudança, qual fator está proporcionando tal cenário e quais os tipos de precipitação invernal.
O que o modelo ECMWF está prevendo?
Aqui trazemos as duas previsões do modelo ECMWF de anomalia de temperaturas para o período do dia 12 ao 19 de junho. O primeiro mapa é referente ao que foi previsto no dia 01 de maio e, o segundo, refere-se à previsão mais recente divulgada na última segunda-feira, 05 de junho.
O cenário do dia 01 traz uma massa de ar frio mais restrita à Região Sul e ao oeste do Brasil, com possibilidade de atuar no oeste da Região Norte. As anomalias trazem intensidade máxima de -3 a -6°C, que atingem o Rio Grande do Sul e o oeste do Centro-Oeste.
Já o cenário do dia 05 mostra um evento de frio mais intenso e mais abrangente, que pode atingir todo o estado de São Paulo e ser sentido no Rio de Janeiro, no sul e oeste de Minas Gerais, em todo o Centro-Oeste e avançar mais sobre o oeste da Região Norte. Além disso, a intensidade máxima aumentou para -6 a -10°C, com a faixa de -3 a -6°C atingindo todo o Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina e do Paraná.
Atenção! As anomalias de temperaturas representam uma diferença em relação a média do período, ou seja, não vai fazer -10°C no oeste do Centro-Oeste, mas sim, temperaturas 10°C abaixo do que geralmente é observado nesta época do ano.
Há possibilidade de neve?
Novamente vale ressaltar que ainda se trata de uma tendência e a combinação da intensidade do frio com a o posicionamento das chuvas pode alterar as chances de ocorrência de precipitação invernal.
Segundo o modelo ECMWF mostra que, por volta do dia 15 de junho, a massa de ar polar está mais avançada e no período da manhã as temperaturas no nível de 1.500 m estão em 0°C em boa parte do Rio Grande do Sul.
Nesse nível, podemos encontrar geralmente as nuvens do tipo cumulus, stratus, stratocumulus e a base das cumulonimbus, ou seja, há possibilidade de nuvens de precipitação. Assim, quando estão provocando chuva sob temperaturas próximas de 0°C ou menos, há a possibilidade de precipitação invernal.
Portanto, para a manhã do dia 15 de junho há a possibilidade de precipitação invernal, com possibilidade de neve na região de Serra entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina e até mesmo no sudeste gaúcho!
Precipitações invernais
- NEVE: Consiste na precipitação de cristais de gelo que em geral apresenta forma hexagonal e com ramificação complexa. Quando a precipitação de neve é intensa, denomina-se nevasca. Existe também a neve granular, nome dado a neve em formato de grãos achatados ou alongados (diâmetro inferior a 1 mm).
- CHUVA CONGELADA: refere-se à precipitação que chega no solo como pequenos grãos de gelo de até 5 mm de diâmetro, podendo ser esféricos, irregulares ou cônicos (“granizo miúdo”). Esse fenômeno pode anteceder a queda de neve.
- CHUVA CONGELANTE: Basicamente se trata da precipitação líquida, mas com temperatura abaixo de zero (super fusão da água). Ao tocar a superfície, a gota super resfriada se congela imediatamente.
O que está provocando mais frio e chuva?
O fator responsável por essa recente mudança é a Oscilação Antártica (AAO) que passou a apresentar uma forte tendência negativa, atuando também com valores negativos nos próximos dias.
Essa condição aumenta a possibilidade de sistemas de chuva atuarem no centro-sul do Brasil e também de massas de ar polar nesta época do ano. Esse comportamento não está sendo previsto no fim de semana e só apareceu na última segunda-feira, 05 de junho.
Além disso, a oscilação de Madden-Julian (MJO) vai atuar na fase 4, ou seja, esse fator vai ajudar na ocorrência de chuvas sobre a Região Sul.