Confirmado o fim do bloqueio atmosférico! O que esperar de mudanças para o Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil?

Conforme previsto, uma frente fria avançou sobre o Sul e Sudeste do Brasil no início desta semana, onde provocou chuvas volumosas nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e conseguiu mudar o cenário meteorológico sobre partes do Sudeste e Centro-Oeste.

O cavado associado a atual frente fria, que agora se encontra na costa da região Sudeste, conseguiu enfraquecer e deslocar o padrão de bloqueio atmosférico, que persistia no interior do continente. Com isso, essa frente finalmente conseguiu trazer o tão esperado alívio do calor e da secura em algumas partes do Sudeste e Centro-Oeste.

Partes dos estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, já registraram nesta terça-feira uma queda das temperaturas, aumento da nebulosidade e inclusive a ocorrência de chuva. A capital paulista, que não registrava chuvas há 26 dias e desde o dia 26 de abril estava em estado de atenção devido a onda de calor, finalmente está registrando chuvas fracas e temperaturas abaixo dos 22°C no dia de hoje.

Conforme noticiamos anteriormente, os modelos meteorológicos estavam indicando a alguns dias atrás a quebra definitiva do bloqueio a partir do dia 18, mas ainda se mostravam indecisos em relação a essa mudança. As rodadas mais recentes de hoje mostram que os modelos estão mais confiantes da quebra definitiva do bloqueio que poderá ocorrer neste final de semana!

Um novo cavado em médios níveis da atmosfera, com maior amplitude meridional, irá avançar pelo centro-sul da América do Sul entre os dias 17 e 18 de maio e conseguirá deslocar de vez o padrão de alta pressão anômala para o oceano Atlântico, desconfigurando o padrão de bloqueio que persistia no Brasil Central! Agora, o modelo europeu ECMWF e o modelo norte-americano GFS concordam com essa mudança, o que nos traz maior confiança.

Com a quebra do bloqueio, o que esperar para a próxima semana?

Sem o padrão de bloqueio, esse cavado dará origem a uma nova frente fria que provocará novamente chuvas volumosas nos estados do Sul. As chuvas se iniciarão entre a noite do dia 16 e madrugada do dia 17 no Rio Grande do Sul e até o sábado (18) deverá avançar pelos estados de Santa Catarina e Paraná, que também poderão receber acumulados expressivos.

Essa frente conseguirá avançar mais para norte e deverá atingir o Sudeste, mas ainda ficará restrita sobre o estado de São Paulo e sul do Rio de Janeiro. Diferente do cenário no Sul do Brasil, essa frente chegará menos intensa nessas regiões e levará menores acumulados diários de chuva, com acumulados de até 10mm entre sábado (18) e domingo (19).

Após a passagem dessa frente fria, as temperaturas deverão cair somente na porção sudeste de São Paulo, sul do Rio de Janeiro e do Mato Grosso do Sul. Pois, apesar do enfraquecimento da atual alta pressão, essa frente não será intensa o suficiente para carregar a massa de ar frio para o Brasil central. Dessa forma, as temperaturas ainda deverão continuar mais altas que o normal nas porções norte e mais no interior das regiões Centro-Oeste e Sudeste.

A partir da próxima segunda (20), as previsões indicam a chegada de um novo cavado, também de grande amplitude meridional, que impactará o Centro-Sul do Brasil a partir do dia 21. Novamente, a previsão indica chuvas volumosas para o Rio Grande do Sul entre os dias 21 e 22.

Mesmo sem o bloqueio, o calor e as chuvas irregulares continuam

Apesar da quebra desse padrão de bloqueio, não podemos esperar grandes e duradouras mudanças no padrão meteorológico que domina sobre o Centro-Sul do Brasil. A saída do bloqueio permitirá que as frentes consigam avançar mais para norte, porém, isso não quer dizer que de fato isso aconteça.

Com ou sem bloqueio, a tendência é que a massa de ar quente e seca continue sobre o Brasil central, conforme vemos nas previsões de anomalias de temperatura do modelo ECMWF, que indica que as anomalias positivas de temperatura persistirão nas próximas semanas, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Também não esperamos grandes mudanças no cenário de chuvas, já que ainda haverá uma intensa atividade de formação e desenvolvimento de baixas pressões e frente frias sobre a região Sul, provocando novos episódios de chuvas volumosas. E as frentes frias não terão um grande avanço sobre o restante do Brasil, limitando sua atuação ao sul das regiões Centro-Oeste e Sudeste, não conseguindo gerar grandes acumulados de chuvas nessas regiões.