Capitais do Brasil estão há mais de 150 dias sem chuva: quando que o cenário de seca vai mudar?

Não chove em boa parte do país há mais de 4 meses e o resultado da seca prolongada é o aumento expressivo de queimadas Brasil a fora. O céu literalmente acinzentado tem sido destaque.

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Fumaça em Belo Horizonte por causa de queimadas em outros Estados. Foto: Flávio Tavares

São praticamente 5 meses sem registro de chuva em algumas áreas brasileiras, algo que tem contribuído sim para o aumento exorbitante de queimadas em várias regiões. O céu literalmente acinzentado tem sido uma triste e preocupante realidade no Brasil.

Fora a preocupação com o aumento dos focos de incêndios, a falta de chuva reflete em diversos setores importantes como o agronegócio e a energia hidrelétrica. Pastos secos, plantações comprometidas, gado com estresse térmico e hídrico, energia mais cara e uma péssima qualidade do ar.

Com falta de chuva por meses consecutivos, o número de queimadas subiu muito no Brasil. Claro que não podemos nos esquecer das queimadas criminosas, mas a falta de chuva ajuda a alastrar o fogo rapidamente, o que tem atingido florestas, fazendas, casas e muitos animais.

A chuva tem ficado abaixo da média em praticamente todo o Brasil por meses, isso quando chove, pois, existem muitas áreas em diferentes regiões que não tem registrado volumes nem de 3 milímetros, o que inclui várias capitais, ou seja, a seca e seus reflexos não é um problema somente do interior, como também das capitais.

Capitais mais secas no Brasil

Dentre as capitais brasileiras, cinco se destacam pelo maior número de dias sem chuva, ou seja, com maior tempo de estiagem, de seca, são capitais localizadas no Sudeste, no Centro-Oeste e no Norte.

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As cinco capitais brasileiras com maior tempo de seca. São mais de 150 dias sem chuva com volume mínimo de 3mm em Cuiabá e Belo Horizonte.

A número um no ranking de estiagem é Cuiabá (MT), com 152 dias sem registro de chuva, logo em seguida e quase igual vem Belo Horizonte (MG), com 151 dias. Em terceiro lugar vem Brasília (DF) com 147 dias sem chuva. Logo atrás vem Goiânia (GO) com 145 dias e em quinto lugar está Palmas (TO) com 120 dias.

Essas são as capitais brasileiras com o maior tempo sem registro de chuva de no mínimo 3 milímetros segundo dados do Sistema de Informação sobre secas para a América do Sul (SISSA). Além dessas, outras capitais também vêm enfrentando muitos dias sem chuva como é o caso de Teresina (PI), São Luís (MA) e Fortaleza (CE).

Segunda quinzena de setembro seca

A primeira quinzena de setembro foi bastante seca na maior parte do Brasil, e devido aos destaques da seca prolongada e do aumento das queimadas e de fumaças espalhadas, a pergunta que fica é quando a chuva volta, quando o padrão vai mudar?

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Segunda quinzena de setembro tende a continuar seca na maior parte do Brasil. Fonte: ECMWF

A resposta por enquanto não é nada animadora, pois a previsão ainda é de seca na segunda quinzena do mês. Os mapas acima mostram a projeção do modelo ECMWF com anomalia negativa de precipitação (áreas em laranja) na maior parte do país.

Nesse primeiro período de 16 a 23 de setembro até existe previsão de chuva com o avanço de uma frente fria, mas algo que ficará restrito ao Sul e partes de Mato Grosso do Sul e São Paulo, ou seja, a chuva não alcançará as capitais mais secas como Cuiabá e Belo Horizonte.

No segundo período de 23 a 30 de setembro, o cenário piora, pois ao que tudo indica haverá um padrão de bloqueio atmosférico com chuva concentrada sobre áreas do Sul e uma anomalia negativa mais forte entre o Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

Alguma esperança em outubro?

Ainda é cedo e muito incerto para cravar quando o cenário de secas vai mudar de fato, quando a chuva retornará de modo regular e bem espalhado pelo Brasil. Mesmo sem um El Niño presente, a neutralidade tem mantido as projeções dos modelos climáticos muito variáveis.

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Projeção é de melhora climática em outubro sobre a maior parte do Brasil. Mapas mostram que anomalia negativa de precipitação deve reduzir, o que já será um alívio. Fonte: ECMWF

Porém, segundo o ECMWF, outubro tende a ser menos seco que setembro, pelo menos é isso que os mapas de anomalia de precipitação indicam. Não há projeção de anomalias positivas, mas por outro lado, a anomalia negativa também tende a diminuir em grande parte país, principalmente sobre o Sudeste e Centro-Oeste.

No primeiro período entre 30/09 e 07/10 existe uma projeção de melhora da umidade sobre a região Norte, o que será um alívio em estados como Amazonas e Tocantins. Já no período entre 07 e 14 de outubro, a umidade tende a se concentrar mais sobre o centro-sul, especialmente entre o Paraná e São Paulo.

Durante a segunda quinzena de outubro, a tendência é de chuvas dentro da média climatológica, o que ainda torna o cenário incerto, porém, a boa notícia por enquanto é que não existe uma projeção de seca completa que resulte em anomalias negativas fortes como o que esperamos nessa segunda metade de setembro, ou seja, existe esperança que o clima de outubro seja melhor.