Clima de janeiro: La Niña e o Atlântico Sul determinam o padrão das chuvas
O fenômeno La Niña ainda influencia o padrão climático de janeiro, mas o oceano Atlântico Sul será bastante determinante no padrão de distribuição das chuvas pelo Brasil. Será que as chuvas se mantêm por todo o país? Pode chover mais no centro-sul?
Um dos fenômenos La Niña mais persistentes desde a década de 1950 está chegando ao seu fim nos próximos meses, mas ainda influenciará o padrão climático de janeiro de 2023.
Juntamente com o padrão de temperatura do Atlântico Sul, a distribuição da precipitação no Brasil pode fugir do que se espera sob influência do La Niña e do que foi observado desde o mês de novembro.
Em dezembro, registrou-se chuvas em todas as regiões do Brasil, no entanto, devido à influência do La Niña e de uma oceano Atlântico Sul mais aquecido na altura do Nordeste, a formação das Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) se deu mais ao norte da sua posição climatológica, contribuindo para chuvas mais expressivas sobre o centro-norte do país.
Já no fim da segunda quinzena do mês, com um resfriamento maior no norte do Atlântico Sul e um aquecimento expressivo na porção sul, as chuvas aumentaram sobre a Região Sudeste e leste da Região Sul. Este padrão oceânico será mais evidente e influente no mês de Janeiro.
La Niña e temperatura do Atlântico Sul
Como já foi comentado, o fenômeno La Niña continua presente e influente durante o mês de janeiro. A sua contribuição durante o período úmido no Brasil é de favorecer as chuvas no centro-norte do país, podendo contribuir também com isso na Região Sudeste, no entanto, o sinal mais claro é sobre as regiões Norte e Nordeste.
Agora, com um Atlântico Sul ligeiramente mais frio na sua porção norte e bastante aquecido no sul, os sistemas de precipitação podem atuar por mais tempo entre as regiões Sul e Sudeste, favorecendo acumulados mensais mais elevados no centro-sul do país.
Assim, a combinação desses dois fatores faz com que se espere que as chuvas ainda ocorrem em todas as regiões do Brasil, mas mais concentradas entre o Centro-Oeste e o Sudeste, com chuvas volumosas podendo atingir o norte e o leste da Região Sul. Já no Nordeste, pode-se observar uma redução da taxa de precipitação. Em resumo, o padrão de distribuição das chuvas pode ser diferente do que foi observado em novembro e em dezembro.
Previsão do modelo ECMWF
O modelo de confiança da Meteored, o ECMWF, traz um cenário consistente ao que se espera sob a influência dos fatores climáticos La Niña e da temperatura da superfície do Atlântico Sul.
O cenário climático do modelo europeu mostra anomalias negativas de precipitação sobre o norte do Sudeste, boa parte do Nordeste, norte do Centro-Oeste e porção centro-leste da Região Norte, e anomalias positivas entre as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Esse padrão das anomalias de precipitação mostra um peso maior da influência das águas mais aquecidas do sul do Atlântico Sul, que pode contribuir para chuvas mais expressivas sobre os estados de Santa Catarina, do Paraná, do Mato Grosso do Sul e de São Paulo. O Rio Grande do Sul, ainda deve enfrentar um mês de irregularidade das chuvas em boa parte do estado.
Vale lembrar que a intensidade das chuvas ao longo do mês de janeiro pode variar com o comportamento das oscilações Antártica e de Madden-Julian. No entanto, a probabilidade de chuvas mais intensas se mantém mais para o centro-sul e mais para o extremo norte do Brasil.
Em virtude deste padrão, as temperaturas podem ficar mais elevadas na porção centro-norte do país e próximas da média no centro-sul.