Clima de maio: mais quente e seco em boa parte do país
As projeções para o mês de maio não estão muito otimistas tanto em relação aos volumes de precipitação quanto para a ocorrência de frio. Saiba aqui quais os fatores climáticos responsáveis por esse padrão.
O mês de maio representa o início da estação seca na porção central, com aumento das chuvas nos extremos norte e sul do país e no leste do Nordeste. Juntamente com essa mudança da distribuição das chuvas, as temperaturas sofrem redução, tanto nas mínimas quanto nas máximas, como resultado do aumento da incursão de massas de ar polar.
Dependendo do comportamento de fatores climáticos como a temperatura da superfície do Atlântico Sul (TSMA), a Oscilação de Madden-Julian (MJO), o Modo Anular Sul (SAM) ou também conhecido como Oscilação Antártica (AAO), esse padrão médio pode não ocorrer, proporcionando cenários mais secos e quentes ou mais frio e chuvosos, por exemplo.
Antes de partirmos para o resultado do modelo climático CFSv2, é preciso analisar esses fatores climáticos e qual cenário é mais provável de acontecer para em seguida fazer a comparação com o resultado do modelo.
Principais fatores climáticos para o mês de maio
Na escala de tempo semanal e mensal, a TSMA e as oscilações de MJO e AAO são as que possuem maior influência nos padrões de distribuição de precipitação na América do Sul.
Nos próximos dias, a AAO mantém a sua tendência positiva, favorecendo um deslocamento para sul do trem de ondas formado pelas baixas e altas pressões, ou seja, por ciclones extratropicais e massas de ar frio. Assim, esses sistemas não devem conseguir avançar até a Região Sudeste ou até mesmo até o norte da Região Sul durante a primeira quinzena de maio, resultando em uma condição mais seca e quente para a porção central do país. Já no Sul, há maior potencial para chuvas, mas não necessariamente para toda a região.
Essa configuração acaba por favorecer a atuação da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) mais próxima do Brasil, o que resulta em um aumento da intensidade do escoamento de leste no Nordeste e, consequentemente, para o aumento das chuvas na costa leste da Região.
Posteriormente, há uma tendência negativa da AAO, podendo representar um retorno do padrão mais úmido e, principalmente, frio para o Centro-Sul do país.
Através da TSMA, nota-se águas mais aquecidas na altura do Uruguai e do Rio Grande do Sul, o que contribui para uma maior atuação dos sistemas precipitantes. Em combinação com a AAO, essa condição acaba sendo favorecida durante a primeira quinzena.
Águas mais aquecidas na costa norte do país, favorecem a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), com uma condição mais chuvosa para a faixa norte do Nordeste, norte do Pará e para o estado do Amapá ao longo do mês.
Já para o fator climático MJO, até o início do mês, atua em fases mais favoráveis à precipitação no Centro-Norte do país, seguindo para um condição de neutralidade no restante do mês. Assim, durante a primeira semana de maio chuvas ainda devem ocorrer em boa parte do Norte, com redução desse potencial nas semanas seguintes, com chuvas se concentrando no extremo norte e noroeste da Região.
Anomalias de precipitação e temperatura do modelo CFSv2
Depois de analisar os principais fatores influentes do padrão climático para o mês de abril no item anterior, é possível fazer o devido julgamento da distribuição da precipitação e da temperatura do modelo CFSv2, analisando os mapas abaixo de anomalia dessas duas variáveis.
No mapa referente à anomalia de precipitação o destaque fica para o predomínio dos valores negativos em praticamente todo o país. Levando em conta que na porção central já não são esperados grandes volumes, essas anomalias negativas reforçam apenas o padrão mais seco.
Já para a Região Sul o impacto do cenário previsto pelo CFSv2 é maior, uma vez que os acumulados são muito superiores. Segundo o modelo, as chuvas devem se manter irregulares em boa parte dos três estados, concordando com uma segunda quinzena mais seca, com eventos mais intensos na porção leste, sendo, neste último, uma consequência das águas mais aquecidas do oceano.
Para o leste do Nordeste e porção norte do Maranhão e do Pará, o modelo traz um cenário contrário ao que se espera. Como discutido no item anterior, uma vez que há um aumento do escoamento de leste e as águas do oceano estão mais aquecidas no norte, espera-se precipitação dentro ou acima da média nessas áreas.
Em relação à temperatura, a concentração de sistemas mais ao sul durante a primeira metade do mês, que acaba por favorecer um escoamento de quadrante norte, proporciona um período mais quente e, como não há índice de fortes tendências negativas da AAO ao longo do mês, o resultado são as anomalias positivas desde Região Norte até o estado do Paraná.
Durante a primeira quinzena, a atuação de sistemas frontais mais ao sul também favorecem a atuação das massas de ar frio por mais tempo e somente no Rio Grande do Sul e em parte de Santa Catarina. Já na segunda metade do mês, os sistemas conseguem avançar mais livremente e assim levar o ar mais frio até o Espírito Santo em um comportamento semelhante ao que foi observado no mês de Abril.