O clima na segunda quinzena de julho no Brasil: padrão de bloqueio atmosférico reduz as chuvas e favorece calor

A primeira metade de julho foi marcada por temperaturas abaixo da media e muita umidade, principalmente no Sul do Brasil. Nesta região, temperaturas negativas, chuva congelada e grandes acumulados de precipitação pluvial (líquida) marcaram as primeiras duas semanas do mês - porém, o cenário será completamente diferente nos próximos 15 dias.

Santa Catarina e Paraná terão duas semanas de chuvas abaixo do normal. No Rio Grande do Sul, a chuva só deve retornar à normalidade no oeste e centro do estado, e apenas depois de 22 de julho. Até lá, o tempo estável e o sol predominam, e os acumulados serão pouco volumosos e pontuais, apenas na faixa leste do estado gaucho.

No Brasil Central, serão 15 dias de tempo seco e temperaturas elevadas. O interior da região Sudeste e toda a região Centro-Oeste não têm previsão de chuva até pelo menos o próximo dia 20, e até o final do mês os acumulados ficarão abaixo da média. Nas regiões Norte e Nordeste, o padrão climático não deve mudar muito do que já estamos acompanhando: chuvas mais volumosas no extremo norte (Roraima e Amapá, principalmente) e nas capitais do leste do Nordeste (Maceió e Recife devem receber os maiores acumulados). Nas demais áreas, variação e nebulosidade e eventuais chuvas de pouco volume.

O tempo mais seco no centro e sul do Brasil virá acompanhado de temperaturas acima da média: na região Sul, as máximas ficarão entre 20 e 22 graus, com um leve declínio no final do mês, mas não é esperado um frio muito intenso. No Sudeste, a temperatura irá aumentando continuamente e as anomalias mais positivas devem ser registradas no final do mês. O Centro-Oeste deve registrar as maiores máximas da semana, em torno de 36ºC em Cuiabá e Porto Velho. No Nordeste, a tendência também é de um pouco mais de calor do que tínhamos na primeira quinzena.

O que irá causar o bloqueio atmosférico?

O predomínio das altas temperaturas e volumes de chuva mais baixos que o normal, pelos próximos 15 dias, ocorrerão pela atuação combinada de dois fenômenos climáticos bem conhecidos: o padrão de bloqueio atmosférico e a Oscilação de Madden-Julian.

O padrão de bloqueio caracteriza-se por uma extensa crista nos ventos da média troposfera (em torno de 5 km de altura), persistindo por vários dias sobre o Sul e Sudeste do país. Esta condição ocorrerá nas próximas semanas, dificultando a formação de nuvens carregadas no Sudeste e a passagem de sistemas frontais no Sul. No tweet acima, previsão para a próxima sexta-feira, a crista é bem evidente como uma "concavidade" de tons avermelhados no sul do Brasil.

Outro fator que irá contribuir com o tempo seco no centro-sul é a entrada da Oscilação de Madden-Julian na fase 5, que causa um significativo desfavorecimento chuvas principalmente no Sul do país durante o inverno. Esta condição está prevista pelos modelos para durar até o final do mês.

Demais oscilações climáticas que têm importante atuação sobre a América do Sul, como o El Niño-Oscilação Sul (ENOS), a Oscilação Antártica e o Dipolo do Índico, encontram-se todas em condição neutra ou próxima da neutralidade nestas próximas duas semanas. Portanto, não são fatores influentes para a condição prevista neste momento.