Clima no Sul: seca, onda de calor e quebra de safra. Quando volta a chover?
A região Sul vem enfrentando um clima bastante adverso nos últimos meses, com seca e onda de calor provocando até quebra de safra no Rio Grande do Sul. Veja quando voltará a chover.
No Sul do Brasil a irregularidade das chuvas e as ondas de calor vêm chamando a atenção nos últimos meses, especialmente sobre o Rio Grande do Sul, estado que vem sofrendo mais com as consequências da falta de chuva inclusive com quebra de safra, o que preocupa o agronegócio brasileiro por ser um dos estados com maior produção de soja e milho.
Segundo informações do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), desde agosto de 2022 a chuva vem ficando abaixo da média climatológica sobre a maior parte do estado gaúcho. Em janeiro desde ano não foi diferente e o clima mais seco predominou, o que não quer dizer ausência total da chuva, mas foi insuficiente para alcançar a climatologia e principalmente reverter o quadro de déficit hídrico.
A situação do Paraná e de Santa Catarina é melhor quando comparada ao Rio Grande do Sul. A chuva tem sido mais frequente e mais expressiva em volumes também. Em novembro e dezembro de 2022, o tempo foi mais seco também em grande parte dos estados, mas na faixa leste continuou chovendo mais. Nesses primeiros dias de fevereiro já choveu em torno de 140mm em Florianópolis.
Irregularidades climáticas
O Sul do Brasil vem enfrentando irregularidades climáticas nos últimos meses, e principalmente o Rio Grande do Sul tem sofrido mais com as condições adversas de seca e ondas de calor, inclusive marcando o estado recentemente. Há poucos dias atrás tardes extremamente quentes foram registradas no oeste gaúcho, com temperatura máxima chegando aos 40°C em Uruguaiana no dia 01 de fevereiro.
O mês de dezembro de 2022 já foi marcado pela chuva abaixo da média em boa parte da região Sul. Em especial, áreas do estado gaúcho, o oeste catarinense e boa parte do Paraná registraram chuva abaixo da média climatológica, muito sob efeito do fenômeno La Niña que somado aos efeitos das oscilações de Madden-Julian (MJO) e Antártica (AAO), mantiveram a chuva mais concentrada sobre o centro-norte do Brasil.
Em janeiro de 2023, algumas chuvas mais expressivas, ainda que mal distribuídas, foram registradas em pontos do oeste paranaense e no interior catarinense também, porém, o mesmo não aconteceu no Rio Grande do Sul, que contou com chuvas isoladas e ainda insuficientes para reverter o déficit hídrico. Além disso, o calorão foi destaque devido aos dias de sol e com baixa presença de nebulosidade.
Mas afinal, quando volta a chover no Sul?
A semana começa com tempo seco predominante ainda no Sul do Brasil sob efeito de uma massa de ar associada a uma área de alta pressão atmosférica, capaz de inibir a formação de instabilidades. Inclusive, toda a umidade estará concentrada sobre o centro-norte do país com a forma da primeira ZCAS de fevereiro, que deve manter a chuva sobre o Sudeste em especial.
Ao longo da semana, poucos episódios de chuva serão registrados na região Sul e no estado gaúcho esse cenário de seca e de calor continuará mais evidente. De modo geral, falando das anomalias de precipitação, entre os dias 06 e 13 de fevereiro a chuva deve ficar abaixo da média para o período em toda a região Sul, avançando até mesmo para o sul de Mato Grosso do Sul e de São Paulo. A imagem mostra a expectativa de chuvas fora do normal entre o Vale do Paraíba em São Paulo, o sul de Minas Gerais e o Rio de Janeiro.
Se a chuva ainda continuará em falta, o calor é que vai seguir em excesso no Rio Grande do Sul, com anomalias mostrando um calor acima do normal principalmente na faixa oeste que já vem registrando as maiores temperaturas nos últimos dias como Uruguaiana já citada acima. O calorão traz preocupações para a saúde, principalmente devido aos baixos índices de umidade relativa do ar, ou seja, importante lembrar da hidratação.
A tendência é que este cenário de seca e calor intenso só mude no Rio Grande do Sul a partir da segunda quinzena do mês, em que episódios mais frequentes de chuva podem ser registrados, porém, ainda de forma mal distribuída, inclusive com expectativa de que o mês termine com chuva abaixo da média, assim como aconteceu nos últimos meses. Ainda é incerto dizer, mas a tendência é que a chuva volte a ser expressiva no estado gaúcho somente na segunda quinzena de março, ou seja, alerta ainda ligado até lá.