Como será a segunda quinzena de Abril?
A primeira metade do mês foi marcada pelo primeira incursão de massas de ar frio mais intensas, pelo aumento da frequência de chuvas na Região Sul e da redução no Centro-Oeste e no Sudeste. Será que esse padrão irá se manter até o final do mês?
O mês de Abril, até o momento, apresentou um comportamento bastante próximo ao que se espera para a estação de Outono, com incursão de massas de ar frio mais intensas, que vem proporcionando sensação térmica agradável ao longo do dia em todo o Centro-Sul. Para isso, frentes frias passaram a se formar sobre o Sul do Brasil, resultando em aumento da frequência de chuvas sobre a Região. No entanto, a ancoragem desses sistemas ocorreu na altura do Espírito Santo e do sul da Bahia, aumentando a precipitação desde o norte do Rio de Janeiro até o oeste baiano e já ocasionando em volumes acima do esperado para o mês.
Mas o que impulsionou essa mudança em relação ao mês de Março? A resposta está em 3 fatores: a Oscilação Antártica (AAO), a temperatura da superfície do Oceano Atlântico (SST) e a Oscilação de Madden-Julian (MJO).
Os fatores climáticos
No início do mês de Março a AAO passou a ter uma tendência positiva, o que contribuiu para a formação de um bloqueio atmosférico que atuou em torno de 15 dias, proporcionando a redução das chuvas e, principalmente, o aumento das temperaturas. Por volta do dia 17 houve a desintensificação desse bloqueio.
Na transição para Abril, o índice passou entrou em tendência negativa, o que acabou por favorecer o avanço de uma frente fria, a formação de um ciclone extratropical bastante intenso e o avanço da primeira massa de ar frio mais intensa. Até então, a AAO se mantém próximo da neutralidade com pequeno viés negativo, o que resulta em sistemas frontais atuantes no Centro-Sul. Quanto à previsão, a tendência é que os valores se mantenham negativos e próximos da neutralidade.
Em relação a MJO, essa oscilação se manteve neutra durante a primeira semana de Abril, entrando na fase 8 na semana seguinte, resultando em aumento da precipitação no norte do país.
Nesse último período, a combinação da AAO negativa, da fase 8 da MJO e das águas mais aquecidas na altura do Espírito Santo e do sul da Bahia, favoreceu esse aumento da precipitação, uma vez que as frente frias conseguiam avançar e ancorar na altura desses estados, fornecendo umidade para o Centro-Norte do país e a MJO atuando em favor da atividade convectiva.
A segunda quinzena de Abril
Mesmo com uma AAO negativa, isso não quer dizer que haverá aumento das chuvas. Esse fator apenas passa a ideia de que haverá um elemento fornecedor de umidade e quem irá determinar como será aproveitada serão os fatores SST e MJO.
Assim, com uma manutenção do padrão de SST do Atlântico e com uma MJO migrando de uma fase favorável para uma fase de supressão da convecção, podemos esperar para os próximos 7 dias, chuvas mais concentradas no Centro-Norte com redução da abrangência de forma gradativa, devido a atuação e o afastamento posterior de um sistema frontal que já vem atuando no país. Ao mesmo tempo, um massa de ar frio também consegue avançar e provocar frio em todo o Centro-Sul e até em parte do Nordeste devido aos ventos de quadrante sul.
Para a última semana, a fase de supressão da MJO passa a atuar e as chuvas diminuem no Centro-Norte, principalmente no leste da Região Norte e no oeste do Nordeste. A atuação de um sistema frontal mais ao sul, na altura do Uruguai, contribui para o aumento do escoamento de norte e, consequentemente, para o aumento das temperaturas em boa parte da Região Sul.