Como será a segunda quinzena de Junho?
Desde o final de Maio as chuvas e o frio deram lugar ao tempo seco e quente em praticamente todo o país. Aqui discutimos o porquê disso e como serão os próximos quinze dias de Junho.
É notável o contraste entre a última quinzena de Maio e as primeiras duas semanas de Junho. No primeiro período, chuvas frequentes no Centro-Sul e massas de ar frio intensas avançando pelo Brasil, diminuindo as temperaturas até no Acre e na Bahia. Já no segundo período, o calor e o tempo seco se fez presente em praticamente todo o país, principalmente na Região Sul, onde para esta época do ano se esperam chuvas mais frequentes e diminuição das temperaturas.
Mas o que tem influenciado o clima nos últimos dias? Qual é o fator responsável por essa mudança? O que esperar para os próximos dias? A seguir damos as respostas.
El Niño ou Oscilação Antártica?
As temperaturas do Pacífico Equatorial vêm se mantendo na média acima dos 0,5°C desde Outubro do ano passado. Até então, não se observou um padrão decorrente do fenômeno sobre o Brasil, uma vez que as chuvas se espalharam e se estenderam pelo Centro-Oeste, Sudeste e até nos estados da Bahia, Tocantins, Maranhão e Piauí, sendo mais evidenciado, nestes últimos estados, durante a primeira metade de Maio. Assim, podemos concluir que a atmosfera não está respondendo aos estímulos desse fenômeno, que é de fraca intensidade e o aquecimento não se dá de maneira homogênea.
Como já foram apresentadas em outras discussões de clima, as oscilações de Madden-Julian (MJO) e Antártica (AAO) vêm sendo as responsáveis durante esse primeiro semestre. Nos últimos dias 30 dias a AAO, contribuiu tanto para as chuvas e o frio quanto para o tempo mais seco e quente. Na imagem abaixo, podemos notar que a partir da segunda semana de Maio, a AAO passou a ter uma tendência negativa, contribuindo para um aumento da formação de ciclones e de frentes frias, provocando mais chuva no Centro-Sul do país, principalmente na última semana do mês.
Já a partir do final de Maio, a tendência da AAO mudou para positivo, representando fisicamente um deslocamento do cinturão de baixas pressões mais próximo do continente Antártico, favorecendo a atuação de bloqueio atmosférico e, consequentemente, para a redução das chuvas e aumento das temperaturas no Centro-Sul. Analogamente, a precisão aponta para uma tendência negativa, representando uma mudança do padrão.
A segunda quinzena de Junho
Sabendo da mudança de padrão e olhando para os mapas de anomalias de precipitação para os próximos 15 dias, vemos que ainda há valores abaixo do esperado. No entanto, temos que lembrar que a média de chuva para este período é mais elevada e o pouco de chuva que pode ocorrer não será o suficiente para que as anomalias fiquem positivas.
De qualquer maneira, a partir de meados da próxima semana o padrão começa a mudar com o avanço de uma frente fria pela Região Sul, que não provocará muita chuva. As temperaturas continuam acima da média, mas o frio das manhãs e do fim do dia tende a voltar. Mudança mesmo, somente a partir da primeira semana de Julho. Para o Centro-Oeste e Sudeste, o tempo seco e quente continua, com tendência de mudança também na primeira semana de Julho, quando passa a chover mais no Mato Grosso do Sul e em São Paulo.